Audiência pública discute normas para a produção de vinho de açaí

Audiência reuniu coletores e microempresários prejudicados com a queda na venda de vinho de açaí (Foto: Onofre Brito)
Audiência reuniu coletores e microempresários prejudicados com a queda na venda de vinho de açaí (Foto: Onofre Brito)

Promovida por diversas entidades como Ministério Público Estadual, Sebrae, Ufac, Ifac e órgãos do governo estadual e municipal, foi realizada em Cruzeiro do Sul uma audiência sobre a produção, processamento e comercialização do açaí e outros vinhos como patoá e buriti. O evento teve ainda a presença de coletores, produtores artesanais de vinho de açaí e microempresários do ramo.

O fato motivador da audiência foi o acontecido em março último, quando duas pessoas morreram de uma forma agressiva da Doença de Chagas na comunidade Nova Cintra, município de Rodrigues Alves, após consumirem o vinho de açaí contaminado pelo barbeiro, inseto transmissor da doença.

A divulgação da notícia provocou uma enorme queda do produto, prejudicando dezenas de famílias que sobrevivem da atividade.

O coletor e produtor artesanal Pedro Souza disse que antes trabalhava com cinco sacas de açaí por dia e hoje mal consegue trabalhar com uma saca devido à queda nas vendas.

O microempresário Evandro da Silva ressaltou que sua empresa, a Vila Nova Vinhos, produzia e comercializava cerca de 300 litros de vinho de açaí por dia e hoje tem dificuldade para vender 100 litros.

Esperançoso de dias melhores, disse que “essa audiência é um sinal verde para a gente que trabalha no ramo”.  

Leis, capacitação, conscientização

Segundo Manoel Orleilson, gerente local do Sebrae, a partir da audiência deverá acontecer um processo de capacitação dos produtores e a criação de um selo de qualidade, de maneira a proteger a profissão de microempreendedores e também esclarecer para o público consumidor que a Doença de Chagas não se pega através do açaí, mas sim do barbeiro, quando o vinho é produzido sem o processo ideal de higienização.

O representante da Câmara de Vereadores, Valdemir Neto (PT), ressaltou o fato de que muitas famílias perderam sua fonte de subsistência e declarou seu apoio a que o Legislativo crie lei municipal regulamentando o assunto de forma que a Vigilância Sanitária possa fiscalizar os vendedores do vinho de açaí.

Marcos Pereira, gerente local do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) contou que o órgão, por meio do Departamento Estadual de Defesa e Inspeção Sanitária Vegetal, tem a incumbência de finalizar a Lei Estadual de Defesa Vegetal que venha normatizar a fabricação de vinhos da floresta e o beneficiamento de polpa de frutas regionais.

“Hoje, as empresas que querem fazer exportação de seu produto têm que estar dentro das normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que impõe muitas exigências aos produtores”, explicou.

Ele informou ainda que o estado está criando, em parceria com a Embrapa, uma lei estadual relacionada à fabricação do vinho de açaí. Para isso contratou um técnico do Mapa que trabalha no Pará e é o responsável pela lei estadual similar naquele estado.

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