Por José Luiz Gondim dos Santos
ASG – Ambiental, Social e Governança (em inglês ESG – Environmental, Social and Governance) são variáveis, fatores, eixos, conceitos, princípios e diretrizes que devem usados por governos, empresas e investidores para avaliar como uma empresa lida com questões ambientais, sociais e de governança corporativa e como esses fatores corporativamente inseridos têm uma função reflexiva na vida em sociedade.
De acordo com Juliana Oliveira, conceitualmente environmental (ambiental) diz respeito à forma como uma empresa realiza a gestão de questões como resíduos, poluição, desmatamento, emissão de gases do efeito estufa, consumo de água e energia, entre outras. Essas questões têm implicações diretas e indiretas nas mudanças climáticas e na sustentabilidade ambiental. Social (social) envolve a análise do comportamento de uma empresa em relação aos seus funcionários, fornecedores, clientes e as comunidades onde atua. Isso inclui temas como direitos humanos, inclusão e diversidade, saúde e segurança dos trabalhadores, práticas trabalhistas justas e engajamento com a comunidade. E o termo governance (governança) está relacionado à forma como a empresa é administrada. Envolve a consideração de questões como a transparência na comunicação, a existência de conflitos de interesse, a diversidade do conselho, a qualidade da gestão e o respeito aos direitos dos acionistas.
A abordagem ASG busca avaliar o desempenho dos governos, empresas e investidores em um ambiente ecossistêmico de desenvolvimento, crescimento e bem-estar social que vai além do resultado financeiro. O ASG traz ao mundo governamental e corporativo aspectos éticos de empatia e solidariedade, princípios arrefecidos diante do objetivo de lucro efetivo a cada exercício financeiro – em uma sociedade sustentável, os bens da vida, quanto mais valorados, mais partilhados para multiplicação de vida e potencialidades humanas.
A gênese do ASG decorre do fato inexorável de que as externalidades ambientais, sociais e de forma de gestão dessas variáveis impactam positiva ou negativamente os resultados financeiros de governos e empresas.
A incorporação de critérios ASG oferece uma série de vantagens para governos, empresas e investidores.
Para governos:
- Sustentabilidade e resiliência: ao estimular a adoção de práticas ASG, os governos podem ajudar a construir uma economia mais sustentável e resiliente. Empresas com boas práticas ASG são menos propensas a causar danos ambientais ou sociais que podem ser caros para a sociedade como um todo.
- Estabilidade econômica: empresas com práticas ASG robustas tendem a ser mais estáveis e menos propensas a sofrer crises financeiras, o que pode contribuir para a estabilidade econômica geral.
- Atração de investimentos: muitos investidores estão cada vez mais buscando investir em empresas com boas práticas ASG. Portanto, promover práticas ASG pode ajudar a atrair investimentos estrangeiros.
Para empresas:
- Risco e resiliência: empresas que adotam práticas ASG geralmente têm melhor gerenciamento de riscos, pois consideram fatores ambientais, sociais e de governança que podem impactar sua operação.
- Reputação e confiança: práticas sólidas de ASG podem melhorar a reputação de uma empresa, o que pode aumentar a confiança dos consumidores e investidores.
- Acesso a capital: cada vez mais, investidores e financiadores estão levando em consideração o desempenho ASG, e empresas que demonstram boas práticas ASG podem ter acesso a mais oportunidades de financiamento.
Para investidores:
- Avaliação de risco: o desempenho ASG pode ajudar os investidores a avaliar o risco de longo prazo de um investimento. Empresas com boas práticas ASG podem ser menos propensas a enfrentar crises financeiras ou danos à sua reputação.
- Desempenho de longo prazo: empresas com boas práticas ASG tendem a ter um melhor desempenho de longo prazo do que aquelas que não têm.
- Alinhamento de valores: investir em empresas com boas práticas ASG pode permitir que os investidores alinhem seus investimentos com seus valores pessoais ou organizacionais.
O ASG é uma resposta a uma tendência de desenvolvimento sustentável e de mercado verde, fornecendo um conjunto de critérios que podem ser usados para avaliar o desempenho das empresas em áreas que vão além da simples performance financeira e permitir aos investidores e outros interessados incentivarem as empresas a agir de maneira mais responsável e sustentável.
Em resumo, a abordagem ASG permite melhor desempenho a longo prazo nos aspectos de investimentos, acesso a oportunidades de mercado e promoção de valor e desenvolvimento.
José Luiz Gondim dos Santos é advogado, gestor de políticas públicas, mestre em Ciências e especialista em Economia Contemporânea, com experiência em projetos de políticas públicas e programas de integridade e Environmental, Social and Governance (ESG)