“Asas” é um membro que possibilita a sustentação de voos curtos ou longos. Essa palavra pequena remete a uma simbologia bem apropriada a um grande projeto, único e revolucionário. Estamos falando do “Asas da Florestania Infantil”.
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O projeto foi desenvolvido especialmente para crianças de 4 a 5 anos de idade que residem em assentamentos e nas margens de rios dentro das Reservas Extrativistas ou isoladas nas comunidades mais longínquas do Acre.
Dentro do rol dos direitos humanos fundamentais encontra-se o direito à educação, amparado por normas nacionais e internacionais. Trata-se de um direito fundamental, porque inclui um processo de desenvolvimento individual próprio à condição humana. É importante ressaltar, porém, que o poder público não é o único responsável pela garantia desse direito.
Especificamente em relação às crianças e aos adolescentes, tanto a Constituição Federal (artigo 227) como o Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 4º da Lei 8.069/90) preveem que a família, a sociedade e o Estado devem assegurar os direitos fundamentais desses sujeitos – e aí se inclui a educação com absoluta prioridade.
O governo do Estado, compromissado com os acreanos e principalmente atendendo aos direitos básicos à cidadania, vem garantindo ações eficientes na área da educação, até mesmo nas regiões de difícil acesso. O projeto, que existe há mais de dois anos, é executado por meio da Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE) em parceria com as prefeituras dos 22 municípios acreanos, tendo ainda como seu principal financiador o Banco Mundial/BIRD.
Criado em agosto de 2009, o projeto “Asinhas”, apelidado carinhosamente por seus idealizadores, contempla educação de qualidade para mais de cinco mil crianças que vivem nas comunidades isoladas ou nas zonas rurais de difícil acesso.
Cerca de 40 mil famílias vivem em áreas isoladas ou de difícil acesso, aonde só é possível chegar de aviões bimotores, carros traçados ou barcos. As casas dos ribeirinhos e seringueiros, populações tradicionais da floresta, ficam distantes umas das outras.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicados em 2009, mais de sete mil crianças que moravam nas regiões isoladas não frequentavam a escola e, consequentemente, não tinham acesso à educação de qualidade.
Foi pensando em reavaliar esses dados que a Secretaria de Estado de Educação e Esporte ousou colocar em execução o programa que quebra todos os paradigmas do atendimento convencional, atendendo as crianças em domicílio, realizando assim o sonho delas e principalmente de suas famílias
Propagadores da educação
Os professores ou agentes da educação – 300 no total – são jovens e adultos concludentes do ensino médio que receberam capacitação exclusiva para atender essas crianças. Eles foram escolhidos porque conhecem a realidade dos povos que habitam essas regiões. Os agentes diariamente demonstram apreço por seu compromisso de levar informação, cultura, lazer e principalmente educação aos seus alunos por enfrentarem a mata fechada, animais selvagens, o inverno rigoroso e o calor amazônico.
Os propagadores da educação ganham um kit contendo material pedagógico especial e de fácil entendimento, que auxilia em seus trabalhos nas comunidades. Além disso, eles recebem mensalmente ajuda de custo para estimulá-los nos seus trabalhos, pois a maioria está tendo a primeira oportunidade de emprego.
O conteúdo é o mesmo do ensino regular, mas simplificado, e as aulas são ministradas por um único professor, que visita diariamente as comunidades, trabalhando principalmente com música, desenhos, contação de histórias e cultura regional.
Asinhas que vem dando certo
De norte a sul do Estado, o Asinhas vem levantando voos, ou melhor, alcançando bons resultados. Para a gerente de Ensino Rural da SEE, Francisca das Chagas, o projeto desempenha um papel importante na vida das crianças e suas famílias.
“O sucesso desse projeto nos faz enxergar o compromisso que temos com os pequeninos, garantindo ações educacionais nas regiões mais isoladas e em áreas de florestas onde não é possível construir escolas. O programa está prioritariamente destinado às crianças de quatro a cinco anos, mas outras da família ou vizinhança, tanto mais novas como mais velhas, podem participam das aulas, por serem realizadas nas casas dos familiares, favorecendo sua inclusão. Cada encontro é um momento de compartilhar histórias de vida”, afirma a coordenadora.
A meta da Secretaria de Educação é beneficiar anualmente mais de 1.500 crianças. Atualmente mais de 270 comunidades recebem o programa. Devido ao seu sucesso, algumas secretarias de Educação de outros Estados já manifestaram a intenção de usar o projeto, a exemplo de Alagoas.