Artesanato como alternativa de renda e recomeço

Trinta mulheres participam das oficinas de artesanato. Material produzido é exposto em eventos públicos como Arraial Cultural e Expoacre

Elas utilizam barbantes para confeccionar tapetes, jogos de banheiro, colares, capas de almofadas e bebedouro. São oito horas diárias  dedicadas ao trabalho manual que vem chamando a atenção dos compradores e gerando demandas impensadas antes do início do projeto. Com a ajuda e orientação de uma oficineira trinta mulheres têm investido no artesanato como alternativa de renda, mas principalmente como forma de olhar para o futuro com uma nova chance de vencer na vida. A oficina de artesanato dirigido é realizada na Unidade Feminina da Francisco de Oliveira Conde.

De acordo com a orientadora Cesarina Pereira o trabalho desenvolvido dentro da penitenciária é salutar por oferecer a oportunidade de aprender um ofício e ao mesmo tempo em que diminui o tempo ocioso dentro das celas e reduz a pena das reeducandas. A lei de execuções penais determina que para cada três dias trabalhados um dia da pena seja reduzido. As detentas que participam da oficina seguem a normativa de trabalho, com carga horária fixa. Bom comportamento também faz parte das exigências.

“Temos várias histórias de ressocialização com a participação das reeducandas nas oficinas. Isso é gratificante”, destaca a orientadora.

Depois de comercializar quase a totalidade dos produtos fabricados na unidade e expostos nos seis dias de realização da décima edição do Arraial Cultural, as artesãs trabalham em ritmo acelerado para produzir o material que será levado à Expoacre.

A reeducanda Maria Cleiriane Rodrigues conta que a exposição do artesanato produzido por elas em eventos públicos representa o reconhecimento da sociedade do trabalho das detentas. Para ela, assim como para as demais que participam das oficinas, o trabalho faz com que os dias passem mais rápidos. “Este é um período complicado. Trabalhar ajuda na ressocialização e na volta ao mundo lá de fora”, relata ela.

Solange Xavier, gerente de Educação e Negócio do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) acredita que a inserção da população carcerária em oficinas de trabalho possibilita uma alternativa de renda. Os recursos adquiridos com a venda dos produtos são revertidos às famílias e também a compra de materiais.

Além da oficina de artesanato as mulheres atuam ainda na malharia e costura. “Hoje 70% das mulheres da unidade estão trabalhando”, comemora a gerente.

“O crime financia nossos sonhos, mas rouba nossa liberdade”, esta reflexão partiu da detenta Francisca Gloria Cavalcante que também participa da oficina de artesanato. Ela destaca a possibilidade de sair da cadeia e poder trabalhar com o artesanato. “Agora eu tenho uma profissão”.

 

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