Arraial Cultural abre hoje com Antônio Pedro e Banda

Baques de Festa e Enserveios da Natureza será apresentado no palco Saudades do Seringal

 

O Arraial Cultural apresenta no palco Saudades do Seringal, nesta terça-feira, 1, e quinta-feira, 3, a partir das 18 horas, Baques de Festa e Enverseios da Natureza com Antônio Pedro e Banda.

A apresentação do grupo, sob o comando de Seu Antônio Pedro da Silva, 66 anos, traz as canções que foram feitas para festas, e outros fins; como por exemplo, os enverseios, músicas ligadas às plantas medicinais, compostas por diversos baques. Seu Pedro explica que o trabalho do grupo se divide em duas vertentes: a música de diversão com os baques de samba agalopão, xote, coco de embolada, valsas e marchas, tocadas em festas para divertimento, e a música de enverseios da natureza, que traz os baques de samba de agalopão, marchas e mazurcas, com o fundamento espiritual.

"Nestas canções são descritos os encaros, que são os espíritos protetores de cada tipo de planta, sejam árvores, comestíveis ou remédios, todos têm seus valores. Também são citados os animais encontrados na natureza. O grupo que me acompanha já tem cerca de 20 músicas ensaiadas".

Seu Pedro mudou-se para Rio Branco há mais de 20 anos. Ele conta que mesmo não vivendo de música continua tirando os enverseios da natureza. O artista toca suas canções somente em algumas festas familiares em que é solicitado. Para ele o Arraial Cultural é uma chance de ser reconhecido como músico e memória viva da cultura do Acre.

"Estou na luta para regularizar minha aposentadoria, sobrevivo hoje do artesanato que produzo e vendo nas ruas, que são aviõezinhos de isopor que podem ser vistos nas alturas como pipas. O Arraial é uma chance de apresentar toda a força dos baques do Acre".

Ultimamente os Baques do Acre tem sido tema para pesquisas, na busca de identificar a cultura musical do estado, que é a mistura do nordestino com as diversas nações indígenas nativas. O samba, por exemplo, não é uma imitação do samba carioca, mas um ritmo de origem indígena em que podemos identificar semelhanças com o Huayno boliviano e outros ritmos indígenas nativos.

O público do Arraial Cultural pode esperar uma apresentação bem ao estilo das festas dos seringais e dos ritmos de cunho espiritual com as marchas e mazurcas, e os sambas de agalopão.

O Arraial Cultural é promovido pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour, Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer – Setul e Secretaria de Saúde, com apoio da Prefeitura de Rio Branco, por meio da Fundação Garibaldi Brasil e da Liga das Quadrilhas Juninas do Acre.

 
O artista popular

Nascido em 1942, no município de Feijó, Acre, foi iniciado na música desde menino, aos 8 anos com um cavaquinho acompanhando seu pai José Pedro da Silva. Antônio Pedro começou a ser solicitado para animar com seu violão as festas dos seus vizinhos indígenas, nos cupixawa – barracões de festa – dos Kulina e dos Kashinawa Huni Kui, com quem tinha grande amizade com o Pajé Inácio, muito conhecido entre eles. Ele animava as festas em seringais e mesmo na água nos batelões, compôs canções em homenagem a diversos rios conhecidos e festas regionais.

Depois de 20 anos teve que fechar o trabalho para mudar-se a Rio Branco por questões pessoais. Continua, como ele diz, tirando os enverseios da natureza.

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter