Aquirianas: Mulheres da Floresta na História do Acre

Professor da Ufac lança livro em Cruzeiro do Sul em que resgata o papel das mulheres na formação da cultura amazônica

Professor de História na Universidade Federal (Ufac) do Acre há 31 anos e diretor da Universidade Norte do Paraná (Unopar) no Acre, o professor-doutor Carlos Alberto Alves de Souza fez o lançamento de seu livro "Aquirianas – Mulheres da Floresta na História do Acre" em Cruzeiro do Sul, em evento realizado no Teatro dos Nauas. Dezenas de alunos da Ufac, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifac), do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Vale do Juruá (Ieval) e da Unopar em Cruzeiro do Sul prestigiaram o lançamento.

Segundo o autor, o livro foi escrito numa perspectiva de história social para tentar fazer justiça  às mulheres trabalhadoras rurais, que sempre foram excluídas da história. “A historiografia do Acre, da Amazônia e do Brasil, como um todo, sempre foi uma história masculinizada. Nunca trabalhou numa perspectiva dos sujeitos que ficaram de fora da história como as mulheres”, observou. Em sua tentativa de trazer para o palco da história as experiências sociais vividas por mulheres trabalhadoras rurais, Alves de Souza as denomina "aquirianas", para que a historiografia acreana possa ter um novo olhar sobre sua história e traga novos agentes sociais à tona.

De acordo com o professor, quando as mulheres nordestinas se encaminharam para a Amazônia, elas tiveram importante papel na formação da cultura local.  Os historiadores, porém, que escreveram sobre a história dos seringais sempre trataram das obras dos homens e se esqueceram das mulheres que também vieram para a região e formaram a cultura, formaram um modo de vida, produziram, trabalharam, morreram e conseguiram, junto com homens e crianças, formar um modo de vida na nova terra.

Para o professor, seu livro é  um ponto de partida para outros historiadores se preocuparem em trabalhar não apenas com as mulheres, mas com os índios, negros, prostitutas, bandidos, mendigos e pessoas que sempre ficaram de fora dos registros.

“A história sempre tratou de economia, de política, de grandes políticos, e os historiadores acabaram se esquecendo da cultura popular, do pobre. Então esse meu livro é mais um ponto de partida, uma inspiração para que novos historiadores aqui da Unopar, da Ufac, do Ifac possam trilhar outros caminhos que não o da história oficial”, declarou.

Educação de qualidade

O diretor do Ifac, professor Neri Jorge Golynski, prestigiou o lançamento e ainda levou consigo uma turma de estudantes. De acordo com ele, a participação de alunos em atos dessa natureza é que dá um salto na qualidade de ensino. “Estamos há um ano aqui no Acre. Temos interesse pela cultura acreana, que já nos conquistou. Um momento ímpar como esse é de muito proveito para melhorar nossos conhecimentos.”

A diretora da Unopar em Cruzeiro do Sul, Andréia Cândido, responsável pela promoção do evento, disse que o objetivo foi propiciar aos muitos alunos de História em Cruzeiro do Sul e interessados conhecer um pouco da história do Estado sob outra perspectiva, a das mulheres trabalhadoras rurais nos seringais.

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