Aproveitamento de resíduos da mandioca pode reduzir custos da produção

Curso oferecido pela Embrapa Acre em parceria com o Governo do Estado ensina como utilizar os restos da raiz para  resolver problemas ambientais

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Casca da mandioca é rica em nutrientes e pode ser reaproveitada pelas famílias de produtores (Foto: Diva Gonçalves/Embrapa)

Aproveitar os resíduos gerados na produção de mandioca é uma forma de tornar a cultura mais competitiva e resolver problemas ambientais. Na busca para uma destinação adequada para esse material, produtores e extensionistas de diversos municípios das regionais do Alto e Baixo Acre participam de capacitação sobre o aproveitamento integral da mandioca na alimentação animal. A atividade é promovida pela Embrapa Acre e o Governo do Estado, através da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), no período de 16 a 20 deste mês, através do programa do governo federal Mais Alimento.

O evento conta com a parceria da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical de Cruz das Almas (BA), unidade com larga experiência em pesquisas voltadas para o aproveitamento de resíduos da mandioca. Além de conteúdos teóricos, a programação inclui aulas práticas em áreas de produção do Projeto de Assentamento Benfica, localizado na BR-317, a 15 quilômetros de Rio Branco (AC).

Nesta quarta-feira e quinta feiras, na casa de farinha comunitária do Ramal Novo Horizonte, os participantes vão aprender técnicas para o preparo de feno e silagem utilizando raízes e folhas da mandioca. No dia 20, como atividade de encerramento, o grupo visita plantios de mandioca para conhecer sistemas de produção.

A mandioca é uma cultura versátil e de grande apelo econômico e social. Cultivada nas diversas regiões do País, serve de fonte de alimento e renda para as populações rurais, que consomem e comercializam o produto tanto em forma de farinha como in natura. Como toda atividade produtiva, o processamento da mandioca gera grande quantidade de resíduos, que geralmente se perdem nas áreas de produção por desconhecimento do produtor sobre as alternativas de uso.

"Embora a mandioca seja consumida por populações de diversas partes do mundo, pouca gente sabe que este é um alimento quase completo para a maioria das espécies animais, pelas propriedades nutritivas que apresenta. Além das raízes, as cascas e as folhas também podem ser aproveitadas na alimentação de pequenos rebanhos. A parte aérea, por exemplo, é rica em vitaminas, proteínas e minerais, enquanto as raízes são importante fonte de energia", explica o pesquisador e instrutor da capacitação, José Raimundo Filho, que há 15 anos atua em pesquisas sobre a cultura na Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.

De acordo com Filho, o Brasil produz 25 milhões de toneladas de mandioca/ano e 25% deste total está direcionado à alimentação animal. A utilização integral da mandioca na alimentação animal contribui para o aumento de leite, carne e ovos, reduzindo significativamente os custos da atividade. No Acre, devido à grande tradição com a cultura, especialmente para produção de farinha, a ampliação das possibilidades de uso da mandioca, além de fortalecer outras atividades como a criação de pequenos animais, representa uma alternativa para tornar a atividade mais limpa ambientalmente.

Para o produtor José Francelino do Carmo, um dos 30 participantes do curso, o aproveitamento integral da mandioca pode ser um grande diferencial para o desenvolvimento da cultura e uma forma de incentivar novos plantios e melhorar a renda do agricultor familiar. "Estamos nos preparando para aumentar a produção e abastecer o mercado local e de outros Estados", afirma.

Apesar das vantagens desta prática, alguns produtores ainda têm receio em relação à presença de princípios tóxicos, especialmente na parte aérea da mandioca. Filho alerta que, para resolver este problema, o produtor deve conhecer as variedades e tomar alguns cuidados como picar o material e deixar descansar pelo menos 24 horas, período em que as substâncias tóxicas evaporam. Outra dica é promover a incorporação gradativa do produto à dieta alimentar dos animais, para facilitar a adaptação dos rebanhos.

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