Aids: um segundo de descuido que muda uma vida inteira

No dia 1º de dezembro de 2002, dia em que se comemora o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, uma senhora de 48 anos (identidade preservada) foi com uma amiga a um centro de saúde de Rio Branco, onde as duas fizeram o testes para Aids. “Foi só por brincadeira mesmo. Eu não suspeitava de nada”, conta.

O tempo passou, o centro de saúde entrou em reforma e a senhora esqueceu que fez o exame e, consequentemente, de pegar o resultado. Apenas uma ligação á fez relembrar. “Era do Lacen [Laboratório Central de Saúde Pública do Acre], pedindo que eu comparecesse lá porque o resultado do exame tinha saído, e eles queriam conversar comigo”, diz.

Positivo: essa foi á palavra que mudou para sempre a vida dela. “Fiquei paralisada por um bom tempo. Não queria acreditar. Apesar de tudo, o mais importante é que recebi muito apoio da minha família, foi o que mais me ajudou a ter forças pra enfrentar a doença”.

A nossa personagem, que não teve o nome divulgado para preservar a identidade, adquiriu a doença por meio de uma relação sexual, sem uso de preservativo.  Atualmente, ela faz o tratamento com coquetel de três medicamentos.

Preconceito

Mesmo com todos os avanços conseguidos, ao longo dos anos, em relação à Aids, e com toda a informação que é repassada ao público, sobre suas formas de transmissão e contágio, o preconceito ainda é grande contra os soropositivos. “Até hoje, eu não consegui namorar, pois quando eu falo que tenho Aids, os homens acabam se distanciando de mim”, relata nossa personagem.

A senhora de 48 anos conta que já chegou a perder um emprego, quando os patrões descobriram que era soropositiva. “Eu comecei a trabalhar e, depois de um tempo, eles ficaram sabendo que eu tinha Aids. Me dispensaram. O preconceito é muito velado ainda. As pessoas até falam normal com você, mas sempre ficam com receio. Mas isso não é motivo suficiente para que eu desanime”.

Apesar dessa realidade, “levo uma vida normal, dentro do possível. Tem dias que são mais difíceis. Às vezes, fico me sentindo mal, por causa da medicação, mas a vida continua. O importante é que eu tenho uma vida normal, faço meu tratamento e aceito minha condição. Não tenho vergonha de dizer que sou soropositiva e uso minha experiência para ajudar outras pessoas que tem a doença”, relata.

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Não se pega AIDS:

Relação íntima com preservativo;
Masturbação com preservativo;
Abraço;
Beijo;
Talheres, copos;
 Suor;
Lágrimas;
Aperto de mãos;
Sabonete, toalha, lençois;
Picada de insetos;
Pelo ar;
Na piscina, mar, banheiro.

Pega-se AIDS:

 Relação íntima sem preservativo – vaginal, anal ou oral;
– De mãe infectada para o filho durante a gestação, parto ou amamentação
– Seringa ou agulha contaminada;
 Transfusão de sangue contaminado:
 Instrumentos que furam ou cortam, não esterilizados.{/xtypo_rounded2}

Dia Mundial de Luta Contra a Aids

No Acre, a semana de luta contra a Aids será realizada de 25 de novembro a 06 de dezembro, tendo como tema “Aids, Prevenir é o melhor remédio”. A intenção do governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), é chamar a atenção das autoridades estaduais, municipais e sociedade civil para a importância do uso do preservativo, encorajando a prevenção, diagnóstico e tratamento.

O dia 2 de dezembro foi escolhido como o “Dia D” da campanha. Neste dia, em Rio Branco, haverá blitz em frente à Polícia Militar, com distribuição de preservativo e panfletagem, além da realização de testes rápidos nos postos de saúde.

“A abordagem do dia D estará focada na intensificação da importância do uso do preservativo e incentivo ao teste rápido para HIV. Cabe lembrar que o teste rápido é diagnóstico, quando positivo, o paciente é encaminhado para tratamento, imediatamente”, informa a gerente da Divisão de Agravos Transmissíveis DST/Aids e Hepatites Virais da Sesacre, Karine Pinheiro.

Aids no Brasil e no Acre

Quadro_AIDS_1-01

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids em inglês) é o estágio mais avançado da doença, que ataca o sistema imunológico. A Aids é causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV em inglês), que ataca as células de defesa do corpo, deixando o organismo mais vulnerável a diversas doenças, desde um simples resfriado a infecções mais graves, como tuberculose ou câncer, por exemplo.

O vírus está presente no sangue, sêmen, secreção vaginal e leite materno da pessoa infectada, portanto, a doença pode ser transmitida de várias formas: sexo sem camisinha – pode ser vaginal, anal ou oral; de mãe infectada para o filho durante a gestação, parto ou amamentação – também chamado de transmissão vertical; uso da mesma seringa ou agulha contaminada por mais de uma pessoa; transfusão de sangue contaminado; instrumentos que furam ou cortam, não esterilizados, por exemplo.

Atualmente, ainda há mais casos da doença entre os homens do que entre as mulheres, mas essa diferença vem diminuindo ao longo dos anos. Esse aumento proporcional do número de casos de Aids entre mulheres pode ser observado ao se dividir o número de casos em homens pelo número de casos em mulheres (razão de sexo).

Quadro_aids_2-02

Avanços no tratamento da doença

O Brasil tornou-se recentemente o primeiro país em desenvolvimento a oferecer tratamento com retrovirais aos pacientes com Aids, assim que a doença é diagnosticada. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tratamento antirretroviral em um estágio mais precoce da doença permite às pessoas viver por mais tempo e em melhores condições de saúde, e reduz substancialmente os riscos de transmissão do vírus.

Com o novo protocolo clínico adotado no país, a medicação para a Aids também deverá ser simplificada. O tratamento para soropositivos é feito a base de 19 remédios. Cada pacientes toma no mínimo três. O coquetel triterapia utilizado no tratamento deve ser substituído por um medicamento três em um (um único comprimido contendo toda a medicação necessária), até 2014.

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