O governo do Acre, por meio do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), realizou, no período de 26 a 30 de abril, uma capacitação com agentes de saúde e o Dia da Monilíase nos municípios de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima, com foco no controle da doença.
A monilíase do cacaueiro é uma doença extremamente agressiva, que ataca os frutos do cacaueiro (Theobroma cacao), do cupuaçuzeiro e de outras plantas do gênero Theobroma. Causada pelo fungo Moniliophthora roreri, é facilmente disseminada pelo vento e por materiais infectados como plantas, roupas, sementes e embalagens. As perdas na produção podem variar de 50% a 100%, com sérios prejuízos para os agricultores.
A ação, que contou com o apoio das prefeituras locais, teve como objetivo conscientizar a população sobre o estado de emergência no qual o Acre se encontra, devido à localização de um foco da doença monilíase do cacaueiro e cupuaçuzeiro no interior. O treinamento dos agentes faz parte de uma estratégia para disseminação rápida de informações acerca da doença às populações urbanas e rurais.
O Dia da Monilíase, foi realizado nos dias 29 e 30 de abril, em Mâncio Lima e Cruzeiro do Sul, respectivamente, no intuito de conscientizar a população sobre questões referentes à doença, bem como suas formas de controle e prevenção. Equipes da Defesa Vegetal de Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima estiveram distribuindo fôlderes, cartazes e mudas de espécies frutíferas e florestais.
Arlene da Silva, 44 anos, produtora rural, diz que não sabia acerca da doença e que agora ficará atenta. “Não estávamos sabendo dessas doenças. Poderia ocorrer na minha plantação. Peguei o fôlder, já tenho acesso às informações”, disse.
Dona Maria Jugleide Lima, 60 anos, que também é produtora, afirma que não sabia sobre a existência da doença e falou sobre a importância da divulgação dessas informações. “Com certeza vou ficar atenta. É muito bom ter as pessoas do Idaf para ensinar a gente, porque tem muita coisa que não sabemos”, afirmou.
Ligiane de Amorim, auditora estadual agropecuária do Idaf, explicou que no início da ação, ainda sob coordenação do Ministério da Cultura, por ser uma praga recém-chegada ao país, o Idaf, que já fazia o monitoramento e o cadastramento de propriedades que tinham o hospedeiro, realizou uma prospecção mais detalhada nas duas localidades, realizando poda e recolhimento de frutos que estavam doentes.
“Fizemos a coleta de frutos no raio de 1 km, onde foi identificada a doença positiva. Essa ação se chama vazio sanitário, retirar de uma área infectada a maior quantidade do hospedeiro pra que o fungo não tenha como continuar progredindo na infecção”, destaca.
Além dessas medidas, Ligiane ressaltou a montagem de barreiras fitossanitárias para evitar a propagação do fungo para outras cidades do estado e do restante do país, por meio de mudas, frutos ou sementes do cacau e do cupuaçu.
“Nos aeroportos estamos realizando campanhas educativas, e recolhimento desse tipo de bagagem que está com trânsito proibido nesse momento”, afirma.
A auditora faz ainda um alerta à população para auxiliar na localização de focos da doença:
“Solicitamos o apoio da população no monitoramento da doença. A monilíase tem um sinal característico, que é cobrir os frutos com um pó branco, muito semelhante a um talco, que se desprende facilmente do fruto quando está atacado. Pedimos que se observe as plantas, principalmente os frutos e informe ao Idaf o mais rápido possível para que possamos eliminar um possível novo foco”.
Os prejuízos da monilíase resumem-se ao setor econômico, não sendo esta nociva à saúde humana.