Um dos mais graves acidentes registrados no Acre que causou comoção em todo país, a explosão de uma embarcação no Rio Juruá em junho deste ano, em Cruzeiro do Sul, acendeu um alerta as autoridades. A tragédia, que vitimou gravemente dezoito pessoas, incluindo crianças e idosos, motivou o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), a realizar o 1º Simpósio de Assistência ao Paciente Queimado, em Rio Branco.
O evento, que teve início nesta sexta-feira, 9, no auditório do Hotel Nobile Suítes, conta com a presença de especialistas de várias unidades de referência de queimados do país e tem como parceria a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ).
Fruto de esforços do Governo do Estado do Acre, por meio da secretaria de Estado de Saúde, que articulou junto a SBQ a realização do 1º Simpósio de Assistência ao Paciente Queimado no Acre, o evento é direcionado aos profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), médicos, enfermeiros e fisioterapeutas.
“O que motivou o evento foi a tragédia que ocorreu em Cruzeiro do Sul, sendo muitos desses pacientes distribuídos pelo país nas unidades de referência de queimados, em situações graves, inclusive com óbitos. Nossa obrigação é otimizar esse conhecimento aos nossos profissionais a nível multidisciplinar para o primeiro atendimento de situação de queimados, já que as primeiras horas são essenciais para o prognóstico do paciente. Isso que vamos fazer aqui no Acre, qualificando e otimizando o atendimento”, destaca a secretária de Estado de Saúde, Mônica Kanaan.
O presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras, doutor José Adorno, sensibilizado com o acidente no Rio Juruá, veio ao Acre para a realização do simpósio e reforça que o tratamento para pacientes queimados exige cuidados diferenciados e uma equipe treinada nas complexidades para garantir maior número de sobrevivente em meio a tragédias como a que ocorreu em Cruzeiro do Sul.
“Transformamos essa tragédia de Cruzeiro do Sul em um alerta de que precisamos falar sobre queimaduras. Precisamos desenvolver as equipes locais, ajudar esses profissionais a desenvolver protocolo de atendimento inicial de maneira mais adequada. Primeiro para garantir o maior número de sobreviventes diante de situações como essa. Segundo para propiciar que eles tenham um tratamento mais adequado possível. Através disso, começamos a provocar o governo do Acre, por meio da secretária de saúde, que era um bom motivo para começarmos esse trabalho aqui, visto que o Acre, por sua localidade, está distante de muitos lugares de referência do Brasil e nós podemos melhorar com as equipes de saúde”, explica.
O Curso Nacional de Normatização de Atendimento ao Queimado trouxe especialistas em queimados de várias regiões do país. A programação temática do primeiro dia abordou avaliação e cuidados iniciais; choque e reposição volêmica; queimaduras pediátricas; cuidados com ferida; queimaduras elétricas e químicas; triagem e encaminhamento; casos clínicos e equipe.
O encerramento do simpósio, que acontece neste sábado, 10, tem como tratativas a abordagem médica (distúrbios eletrolíticos, infecção como atuar, dor, nutrição, hidratação, preparo para transferência segura, proteção gástrica, acesso venoso central, profilaxia e sedação no curativo), além dos aspectos da enfermagem, abordagem do fisioterapeuta e equipe médica.
“Nesse grupo de instrutores veio profissionais do Rio de Janeiro, São Paulo e Natal. São profissionais expert em tratar pacientes queimados, porque trabalham em centros especializados. Então, é uma oportunidade para passarmos para as equipes de saúde local os princípios básicos de atendimento”, reforça José Adorno.
O coordenador do Samu, o médico Pedro Pascoal, fala da importância do simpósio e da possibilidade de instalar uma unidade de tratamento de queimadura no Acre que seja referência da Região Norte.
“Essa é uma iniciativa do Governo do Estado com a Sociedade Brasileira de Queimaduras, por meio do presidente José Adorno, que estendeu a mão e viu a necessidade e a oportunidade de capacitação dos profissionais que já trabalham na área de pré-hospitalar que é o Samu. Nas portas de entradas que são as Upas e com a equipe multidisciplinar que continua os cuidados de pacientes grave no corpo clínico das UTI’s. Esse é um projeto inicial, onde está sendo estudado a incorporação de um Centro de queimados na Região Norte, caso tenha parceria dos demais estados”, pontua.