Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) pousou no Aeroporto Internacional de Rio Branco às 5 horas desta quinta-feira, 17. Junto com os primeiros raios de sol, chega a esperança para um paciente de 37 anos, diagnosticado com cirrose hepática causada por vírus das hepatites B e D.
A aeronave transporta um fígado que em poucas horas entrará para as estatísticas de transplantes realizados no Acre.
O Acre é o estado que mais realiza transplantes de fígado na Região Norte e segundo levantamento da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), foi nos primeiros três meses de 2017, o segundo estado que realizou, proporcionalmente, mais transplantes de fígado no Brasil, ficando atrás apenas do Distrito Federal.
Um bom exemplo é que o paciente desse transplante de fígado é da cidade de Caracaraí, no estado do Roraima.
Eligellson Silva Gomes, diagnosticado com cirrose hepática, ficou sabendo que o Acre fazia transplante de fígado pela internet e ouviu relatos de transplantes bem sucedidos realizados pela saúde acreana. Como o transplante era a única alternativa para continuar vivo, veio ao estado em busca de uma consulta para avaliação.
A complexa logística para a realização de um transplante
O grande dia chegou. A Central de Transplantes do Acre recebeu a informação de um doador compatível do sexo masculino em Belém, capital do Pará, vítima de traumatismo crânio-encefálico. Aí começava a complexa logística até o fígado chegar às mãos da equipe médica responsável pelo transplante no Hospital das Clínicas.
“A logística para a realização de um transplante é realmente grande e complexa. Ela começa na captação, que é sempre de uma morte de forma inesperada de alguém que tem boa saúde. Isso ocorre nos horários mais imprevistos, então a equipe de transplantes vive em permanente sobreaviso 24 horas para realizar a captação em qualquer lugar do país”, explica Thor Dantas, chefe do serviço de Infectologia e Hepatologia do HC e médico da equipe de transplante.
Thor explica também a importância da sincronia dos procedimentos. “O receptor de um órgão que também está em fila de espera fica sempre alerta, pois pode ser chamado a qualquer hora.”
O médico lembra ainda que há um prazo para garantir que o órgão chegue em condições de ser transplantado. “O órgão precisa ser implantado em um tempo limite, que varia dependendo das condições do fígado, do doador e do receptor. Além disso, a cirurgia toma um tempo muito longo. Então é um trabalho muito complexo.”
Com mais este transplante, a saúde do Acre chega ao 302º procedimento realizado no Hospital das Clínicas, sendo 191 de córnea, 86 de rim e, agora, o 25º de fígado. Somando-se os procedimentos realizados por meio do Tratamento Fora de Domicílio (TFD), são mais de 600 transplantes.