Os ícones e curiosidades da capital, o povo Huni Kuin (kaxinawás), às margens do Rio Muru, o abacaxi gigante, os geoglifos, a princesinha do Acre e o látex do “princípio” do estado são apenas algumas das temáticas a serem exibidas em rede nacional a partir de sexta-feira, dia 23
É bem verdade que o Brasil é grande. Repleto de diferenças culturais em um mesmo balaio. Embora também seja uma verdade absoluta que o Brasil pouco se conhece, que seus irmãos não apertam as mãos com frequência. Não se veem ou se comunicam se o assunto, na maioria das vezes, não for praia.
O país de dimensões extravagantes não reconhece a história de um vizinho. Seria ótimo até para fazer fofoca. Ajudaria o turismo local.
Podemos culpar as aulas de geografia, também as histórias pouco narradas dos estados no ensino médio. Cabe ainda trazer à reflexão outra absoluta verdade: é que no mundo world wide web (“www”) não há desculpa para não saber, ou não querer saber um pouco mais dos cantos do Brasil, terra de Nosso Senhor.
Na pegada de “renovar os pandeiros”, do reconhecer-se cada vez mais, a Expedição Acre, produzida para o Programa do Ratinho, exibido no SBT, iniciou-se no dia 5 de julho e concluiu a gravação dos episódios dia 12. O programa é campeão de audiência há 23 anos na TV aberta, com mais de 55 milhões de espectadores.
Arthur Veríssimo, jornalista com 40 anos de experiência e conhecido por memoráveis reportagens para a Revista Trip, protagonista do programa “Na fé”, da Discovery, agora sai pelo Brasil e mundo afora revelando o que de melhor, segundo o seu olhar, pode ser encontrado em cada canto do mundo.
O Palácio Rio Branco é uma das belezas acreanas que iniciam o episódio da capital acreana. No Acre, o “jornalista gonzo”, ou seja, aquele que pratica o jornalismo mais parcial, com sua visão pessoal espalhada na obra, deparou-se inicialmente com uma história brasileira única.
A Revolução Acreana, que deu ao Acre o status de território. Para deixar o leitor mais feliz com o trabalho desse cara cheio de histórias para contar, está marcada, no cartão de identidade de sua mãe, dona Alzerina Tavares de Oliveira, xapuriense, sua naturalidade do Território do Acre.
Sim, a mãe de Arthur Veríssimo nasceu em 1955, no Acre ainda Território, que sete anos depois tornou-se Estado emancipado. “É motivo de emoção estar no Acre. Minha mãe é daqui, então tenho o Acre em mim. Serão episódios muito especiais”, garante o jornalista gonzo.
Os episódios
A Expedição Acre, com o mote “a última fronteira do Brasil”, começa em Rio Branco, no novo Mercado Velho. Ali, as riquezas da mata do Dr. Raiz levaram o curioso jornalista para dentro do espaço repleto de ervas, garrafadas e outros produtos caseiros e curandeiros do “doutor” das raízes medicinais do Acre.
Em Tarauacá, a chegada foi “frutífera” com as jovens tarauacaenses segurando os famosos abacaxis gigantes.
Na sequência, o grupo visitou a colocação do seu Nico do Abacaxi, onde a equipe não só contemplou o fruto crescendo vertiginosamente na terra fértil, como ali, in natura, provou o dulcíssimo abacaxi gigante, cujo peso varia entre 15 e 30 quilos.
De lá, com equipe da Secretaria de Estado de Comunicação e a porta-voz do governo, Mirla Miranda, acompanhados da prefeita recém-eleita da cidade, Maria Lucineia, e de seu marido, o deputado estadual Jesus Sérgio, a trupe partiu do Rio Tarauacá em direção ao Rio Muru.
“Imagina o que representa para Tarauacá a publicidade que será feita do nosso município no programa do Ratinho?”, indaga com felicidade a prefeita Neia.
Em 50 minutos de voadeira, chaga-se à Aldeia do Igarapé do Caucho, onde reside parte dos kaxinawás do Acre, a população indígena mais numerosa do estado, com mais de 4.500 habitantes distribuídos em 12 terras indígenas.
Lá o grupo foi recebido pelos caciques Antonio e Nasso Kaxinawá, indo direto para o barracão de vivências, apresentações, trabalhos de pajelança e consagração das medicinas da floresta.
A pintura kene kuin, que significa “desenhos verdadeiros”, representa uma parte importante da identidade cultural e tradição dos kaxinawás. Por isso também foi motivo de play na câmera da expedição, além do banho de ervas, oferecida pelo pajé da tribo.
De volta a Tarauacá, observando as belas praias em exposição na baixa dos rios, durante o melhor calor peculiar acreano, seguiram para o próximo episódio.
Em Xapuri, foram para a mata ver a extração do látex, acompanhados do seringueiro Francisco Barbosa. E, na sequência, em Brasileia e Epitaciolândia, revelaram a fronteira entre Brasil e Bolívia e a diferença entre as culturas, que começa no uso do capacete, ao pilotar uma motocicleta. No Brasil, é proibido pilotar sem o uso do capacete por medida de segurança. Na Bolívia, é proibido pilotar uma motocicleta com capacete por medida de segurança. Enfim, o que é segurança para o brasileiro sobre uma moto é insegurança para um vizinho boliviano na mesma situação.
O voo de balão para mirar os geoglifos também compõe um dos episódios da Expedição Acre. Os geoglifos do Acre são estruturas de terra escavadas no solo e formadas por valetas e muretas que representam figuras geométricas de diferentes formas. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Acre foram identificados mais de 300 sítios arqueológicos do tipo geoglifo, que estão compostos por 410 estruturas de terra, número que vem aumentando devido ao desenvolvimento de pesquisas arqueológicas no estado.
Ao fim da expedição, o governador Gladson Cameli recebeu parte da equipe para agradecer e enviar uma lembrança bem acreana ao Ratinho, uma peça de marchetaria. ”Quero agradecer a vocês, que viram bem de perto nossas belezas e o grande potencial turístico, e deixar registrado para o amigo Ratinho que ainda nem começamos a ver o Acre do sonho de nossos avós. Temos muito para crescer e vamos,” declarou o governador.
Personagens, lugares, costumes e gastronomia são alguns dos motivos que trouxeram a Expedição do Programa do Ratinho para o Acre. Nossa cultura é forte e resiste ao calor intenso, à friagem surpreendente, ao desconhecimento de nosso potencial por grande parte do país e ao tamanho, que aqui nunca foi documento. Porque, de fato, a grandeza do Acre está em seu povo.