Acre celebra Dia Internacional da Biodiversidade com 87% de floresta nativa

A mudança do clima nos últimos anos resultou em uma nova agenda ambiental. Gestores do mundo inteiro se questionam como preservar sem frear o crescimento econômico e, ao mesmo tempo, garantir mais cidadania aos habitantes. Essa equação o governo do Acre solucionou ao apostar numa política de desenvolvimento sustentável.

(Foto: Kennedy Santos/Secom)

Ao mesmo tempo em que eleva seus indicadores, como o Produto Interno Bruto (PIB) – quarto do país a apresentar maior crescimento acumulado (IBGE) –, o Estado tem estimulado o fortalecimento de uma produção diversificada nas áreas abertas e florestais. A fórmula socioeconômica, que agrega preservação e produção, tem resultado na frequente redução do desmatamento ilegal – 66% na última década.

Nesta terça-feira, 22, celebra-se o Dia Internacional da Biodiversidade. No Acre, a data é comemorada com 87% de floresta nativa, sendo 47,9% composto por área protegida – Unidade de Conservação e Terra Indígena. Instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), o dia visa conscientizar sobre a importância da diversidade biológica, além da necessidade da proteção da biodiversidade em todos os ecossistemas do planeta.

Atualmente, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) estuda a consolidação de uma nova UC: Floresta Estadual da Gleba Afluente, situada entre Feijó e Manoel Urbano. Na categoria de uso sustentável, os 155,1 mil hectares de área poderão ser utilizados pelas famílias que residem na região, que já apresenta grande potencial produtivo florestal.

Cristina Lacerda, coordenadora do Departamento de Áreas Protegidas e Biodiversidade da Sema, observa a funcionalidade e relevância dessas regiões. “As UCs contribuem para a proteção das diversas formas de vida, sejam plantas, animais ou micro-organismos existentes dentro de seus domínios. Embora esse não seja o único ‘serviço’ que elas prestam ao mundo, trata-se da garantia de grande parte do equilíbrio dos ecossistemas.”

O processo de criação das unidades de conservação se expandiu com o ingresso da Frente Popular no Acre, fortalecendo-se em 2004 – implantação de quatros UCS. No ano seguinte, outras duas novas também foram legitimadas. Entre 2004 e 2017, o estado estendeu em 1.349.240,55 hectares seu território protegido.

Floresta habitada, produtiva e conservada

Manejo madeireiro já gerou R$ 4 milhões aos comunitários do Antimary (Foto: Arquivo Secom)

Enquanto no Acre aproximadamente metade do território é composto por área protegida, o Brasil possui apenas 17% de território preservado por lei. Nessas áreas, além de assegurar a conservação e sobrevivência da fauna e flora, o governo acreano fomenta pesquisas, atividades econômicas extrativistas, manejos madeireiros e não madeireiros, concessão florestal, turismo de base comunitária, entre outros que contribuem efetivamente para a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD+), conservação da biodiversidade e dos recursos naturais.

Na Floresta Estadual do Antimary (FEA), localizada entre Sena Madureira e Bujari, por exemplo, o manejo madeireiro comunitário é um dos grandes potenciais produtivos e geradores de renda. Foi a primeira do país a receber o certificado internacional FSC (Conselho de Manejo Florestal) e realizar exploração de manejo, via concessão florestal. A atividade madeireira, promovida desde 2009, já gerou R$ 4 milhões aos comunitários da região.

“O manejo no Antimary tem garantido a preservação da floresta e gerado renda às famílias. A safra do ano passado rendeu 22 mil metros cúbicos de madeira legalizada e manejada. Outro local com grande potencial é o Complexo Estadual de Florestas do Rio Gregório, localizado no Vale do Juruá, que agrega três florestas públicas geridas pelo Estado. Estamos trabalhando, junto à comunidade, para que lá também seja realizada a concessão florestal”, explica o secretário de Estado de Meio Ambiente, Edegard de Deus.

As atividades extrativistas e a criação de pequenos animais também incrementam a renda familiar dos agricultores, extrativistas e indígenas acreanos. Compreendendo a importância de regenerar áreas abertas, agregando valor econômico e atuando na redução de áreas abertas, a gestão estadual desenvolveu os programas Florestas Plantadas e Fruticultura, que estimulam o cultivo de espécies de árvores – frutíferas e florestais – com alto valor de mercado.

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