Instrumentista acreano apresentará o forró regional e músicas de seu último CD
Em temporada por Rio Branco, o instrumentista acreano Chico Chagas é uma das atrações do 13º Arraial Cultural juntamente com o acordeonista Adelson Viana, do Ceará. Os dois fazem show no sábado, 25, a partir das 20h30, na homenagem aos sanfoneiros do Acre, no palco da Arena de Folguedos. O 13º Arraial Cultural é promovido pelo governo do Estado, com o apoio da Prefeitura de Rio Branco e a Liga de Quadrilhas Juninas do Acre.
Talento no acordeon e nos teclados, Chico Chagas, após três anos residindo em Londres, França e Alemanha, onde se apresentou em vários festivais com artistas renomados do jazz, e gravou dois trabalhos em CD, e mais recentemente dois deles no Rio de Janeiro, comprova um amadurecimento em sua carreira, que teve início aos seis anos, influenciada por seu pai, o sanfoneiro Chico Arigó.
Sobre o show que fará no Arraial Cultural, com uma hora de duração, o artista comenta que foi buscar inspiração em suas raízes musicais. “Quando fui convidado pensei no que poderia apresentar. Então, resolvi chamar o pessoal que tocava com meu pai, e só achei dois deles. Por isso vou tocar a música do meu pai, que é o regional. Apresentarei também músicas minhas e de André Dantas, que considero hoje um dos melhores instrumentistas da região Norte. É claro que tocarei Luis Gonzaga, Noca da Acordeon, Zé do X, os mais antigos e clássicos”, adianta o instrumentista.
Para inovar ele acrescentou ao show um pouco do projeto que desenvolveu em Londres “É um dos trabalhos que gravei agora no Rio de Janeiro, que traz músicas clássicas e temas de filmes. Tocarei Chopin, Beethoven, Paganini só que na nossa linguagem regional, no ritmo forró. Irei usar somente acordeons e percussão, como fazia o Luis Gonzaga”.
Chico também fará uma participação no I Encontro dos Sanfoneiros. “Não iria dormir feliz se não tocasse com eles”.
O artista que acompanhou Cássia Eller, Naná Vasconcelos, Geraldo Azevedo e Elza Soares, hoje, de volta a Rio Branco, encampa um novo projeto de pesquisa musical sobre a diversidade amazônica. “Aqui a gente tem um som que o mundo não conhece, fiquei mais brasileiro depois desse tempo lá fora. Eles ficavam impressionados quando falava que a minha terra tem muito verde. A nossa música é muito rica, os ingleses só tem jazz, que é dos americanos, e nós temos essa diversidade de ritmos e estilos. Fiquei muito mais orgulhoso de ser brasileiro e principalmente da Amazônia, do Acre”.
Chico Chagas também pretende transformar o trabalho de pesquisa sobre a música amazônica numa versão instrumental “É algo com uma pegada desses ritmos amazônicos, das melodias daqui. Já iniciei por Belém, mas em conversa com alguns amigos gostaria que esse projeto nascesse aqui em Rio Branco, porque sou daqui. O Acre foi um celeiro de grandes instrumentistas, mas no mundo tudo muda, os filmes mudaram, as fotos mudaram, tudo mudou na arte em geral, mas diria que a música foi uma das artes que mais sofreu nesse tempo todo, pois trabalha com o ânimo das pessoas”.