Por Charlene Carvalho
Os moradores de Porto Walter já podem comemorar o fim do isolamento, via terrestre, durante o chamado verão amazônico. Graças ao trabalho do Governo do Acre, por meio do Departamento de Estradas de Rodagem do Acre (Deracre), em parceria com as prefeituras de Porto Walter e Rodrigues Alves, a estrada vicinal que dá acesso ao município está em pleno funcionamento.
De acordo com o presidente do Deracre, Petronio Antunes, a união entre os poderes demonstra o compromisso de favorecer o desejo do processo de integração das cidades. “O governador Gladson tem compromisso com a região, garantindo a realização desse sonho, que deve garantir a trafegabilidade e o desenvolvimento econômico e social de Porto Walter”, destaca.
A partir da AC-405, sentido Cruzeiro do Sul- Rodrigues Alves, são 90 km de chão batido, mas com terraplanagem de boa qualidade, dos quais 33 km eram mata fechada e foram abertos no verão deste ano.
Nos seus primeiros 30 km, a estrada margeia o Rio Juruá e é entrecortada por morros típicos de uma região já próxima aos Andes. Os 30 km seguintes passam pela floresta e foram abertos este ano pela equipe do Deracre, com apoio das prefeituras. Os últimos 30 km passam por fazendas, pequenas comunidades e, novamente, morros e margem do Juruá.
“A estrada é a realização de um sonho de mais de 20 anos, que agora se tornou real, graças ao trabalho do governador Gladson Cameli. Somos gratos por todo o apoio que o governador tem dado à nossa gestão, principalmente na construção da estrada”, diz o prefeito de Porto Walter.
Integração para o futuro
A estrada é um trabalho feito por muitas mãos e beneficia diretamente, somente em Porto Walter, mais de 12 mil pessoas. Esse número é bem maior se contados os moradores do Juruá Mirim e Paraná dos Moura, rios que cortam a floresta com suas comunidades no caminho.
É o caso de Edvaldo Lopes, morador da foz do Paraná dos Moura há 19 anos, que não esconde a gratidão ao Estado. “Depois que as máquinas do governo entraram aqui a estrada ficou muito melhor, mais larga e, mesmo com chuva, quem tem moto vai ter acesso o ano todo. Agora podemos ir na cidade em uma hora e pouco. Fez uma grande diferença”, explica, lembrando que antes o acesso só era possível de canoa ou batelão, chegando a demorar mais de cinco horas, no período de seca.
Outro morador, Antônio Brito, também comemora as melhorias na estrada vicinal na região. Seu Antônio mora na foz do Paraná e trabalhou como vigia das máquinas do Deracre durante as obras e aguarda ansioso a nova etapa de trabalho em 2023. “Essa obra é muito importante. Não só pelo acesso a Cruzeiro do Sul, mas para a gente visitar os parentes que moram em Porto Walter. Pelo rio, a viagem é difícil”, diz seu Antônio.
Na balsa, Amanda garante renda extra para a família
Moradora da comunidade São Bento, onde fica a primeira balsa de travessia de um lado para o outro da estrada, Amanda Silva aproveitou a primeira temporada de funcionamento da estrada para uma renda extra, vendendo sucos, refrigerantes, água de coco, melancia, churrasquinho, cachorro-quente e banana verde frita para os aventureiros que trafegam pelo local.
“Antes passava meses sem ganhar um real. A estrada me proporcionou um negócio. Agora, além de poder ir visitar a família em Porto Walter, estou tirando uma renda extra com as vendas na balsa”, comemora.
Bueiros e pontes ecológicas
Ao longo dos 90 km da estrada vicinal que dá acesso a Porto Walter há muitas pontes e bueiras para garantir o bom escoamento das águas, além de duas balsas, uma no Paraná dos Moura e outra no rio Juruá Mirim.
Como vem sendo feito nas construções em ramais do Juruá, bueiras e pontes são feitas de maneira ecológica, com madeira e troncos de árvores provenientes da área desmatada para abrir a parte de Porto Walter ao ramal do Paraná dos Moura.
“Para que houvesse trafegabilidade na estrada, precisamos abrir mais de 25 km mata adentro e usamos a madeira para fazer as pontes e as bueiras. As bueiras são feitas com as árvores ocas e as pontes com toras e madeira pranchada. Assim, fazemos o aproveitamento do material e evitamos o desperdício”, explica Mauri Sinhor, gerente do Deracre em Cruzeiro do Sul.