Acadêmicos da UnB se impressionam com exuberância da floresta acreana

Parte do trajeto foi feito de caminhão (Foto: Alexandre Noronha/Secom)

Acadêmicos de diversos cursos da Universidade de Brasília (UnB) e um mestrando da Federal da Bahia (UFBA) vieram ao Acre durante uma expedição amazônica com o desejo de conhecer um pouco da floresta, ouvir nossas histórias e temperar o saber acadêmico de saber tradicional.

A agência Notícias do Acre me escalou para acompanhar um dia deles em Xapuri, registrando a experiência. A comitiva viajou na sexta-feira, 16, como parte da programação da Semana Chico Mendes. Foi uma ótima oportunidade.

Tive 40 minutos para ir à minha casa, pegar a roupa e todo o equipamento necessário. Dormimos na cidade de Xapuri, a 200 km de Rio Branco. No sábado, logo cedo os alunos estavam acordados, bem dispostos e ansiosos para visitar a Reserva Extrativista Chico Mendes (Resex). O destino era o Seringal Nazaré, colocação de seringa de Raimundo Barros, o histórico líder seringueiro primo de Chico Mendes.

Todos entraram num caminhão em que, depois de sentados, não cabia mais ninguém, estavam bem apertados. Mas sabe como é, pra aluno tudo é festa. A primeira parada, antes de pegar a estrada e entrar na floresta, foi na Cooperacre, para conhecer o lugar e ver como funciona a cooperativa que beneficia castanhas de extrativistas.

Estudantes conheceram um pouco da história de Chico Mendes (Foto: Alexandre Noronha/Secom)

Depois foram conhecer a Casa de Chico Mendes, que, em obras de revitalização, ainda não está aberta ao público. O próximo passo foi atravessar o Rio Acre numa balsa, ali perto. Enquanto a aguardavam, Gumercindo Rodrigues (Guma), amigo pessoal de Chico, reuniu em uma roda alguns alunos mais interessados para contar como foi o último dia de vida do seringueiro.

Apesar do barulho ao redor, como um carro de som que anunciava promoção em uma loja local, naquela roda o silêncio imperava, os olhares atentos a cada palavra. Ao final, quando Guma diz que chegou ao hospital e viu Chico Mendes morto, fala, em um tom mais baixo: “Pensam que o mataram, mas tornaram-no imortal”. Alguns com olhos marejados de lágrimas, quando o silêncio dá lugar a um grito de um deles: “Viva Chico!”. E então todos repetem: “Viva Chico!”

Depois da travessia, já muito ansiosos pra chegar à reserva, o destino principal, seguimos novamente no caminhão, agora sem asfalto e com muita poeira. Percebo isso só depois de um tempo, ao ver o quanto estava sujo e minha câmera envolta em uma capa vermelha de barro. Bateu o medo de ter entrado poeira no sensor.

Enquanto tentava assoprar ao menos um pouco daquela sujeira ouço um “Uaaaau!” coletivo. Quando olho pra cima novamente vejo o motivo: uma castanheira. Isso mesmo, a maioria ali nunca tinha visto uma castanheira e ficou admirada com tamanha imponência. Achei até engraçado, porque nós acreanos temos esse contato com a natureza no cotidiano! Já pra eles, era algo totalmente novo.

Entrada da Reserva Chico Mendes (Foto: Alexandre Noronha/Secom)

Finalmente chegamos à Resex! Pausa pra selfie do fotógrafo com os estudantes. Depois de uma breve limpeza, encontro um grupo de acadêmicos que se reúne com dois seringueiros para entrar na trilha das árvores onde veriam como é feita a extração do látex. Mas, claro que só ver não era o suficiente, muitos pediram para tentar também fazer o corte na árvore e se divertiram com isso.

Foto: Alexandre Noronha/Secom

Dentro da mata, a admiração pela floresta às vezes tornava-se distração durante a trilha. Havia ali alunos de Ciências Ambientais, Engenharia Ambiental, Biologia… Mas as perguntas para o seringueiro eram muitas. E fiquei satisfeito de ver o respeito e interesse pelo saber tradicional. Na volta da trilha, a fome era unânime. O almoço oferecido pelo anfitrião, o Raimundão, era galinha caipira. Se os pratos dos homens eram grandes, não vou entregar os das mulheres.

Pra terminar, a foto final, de todos os alunos e professores junto com o Raimundão. O carro com quem eu iria voltar a Rio Branco, de carona, já me aguardava há algum tempo. Mas ainda pude fazer pequenas gravações em vídeo com alguns dos deslumbrados visitantes. E fiquei sabendo que eles conheceram outra virtude dos acreanos: a simpatia como que recebem os visitantes e o valor que dão às coisas da floresta, com forte identidade e orgulho de sua acreanidade.

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