Mostra Mirantes apresenta recorte curatorial do Rumos Artes Visuais 2008-2009 em Rio Branco

Galeria de Arte Juvenal Antunes recebe a exposição composta por 27 obras de 16 artistas exibidas originalmente no Itaú Cultural, em São Paulo

itau_cultural.jpgMirantes tem vernissage nesta quinta-feira, 6, às 19h30, na Galeria de Arte Juvenal Antunes, da Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour. O coquetel conta com a performance Colapso, realizada pelo artista paulistano Shima às 20 horas. Quem assina a curadoria de Mirantes é Alexandre Sequeira, e a assistência curatorial, Gabriela Motta e Janaina Melo, a exposição apresenta 27 obras de 16 dos 45 artistas premiados na mais recente edição do programa Rumos Itaú Cultural, cujo objetivo é garimpar, mapear, diagnosticar e fomentar o melhor da produção contemporânea em todo o Brasil. Depois de Brasília e Curitiba, Rio Branco é a terceira cidade a apresentar um dos diferentes recortes curatorias que irão, ainda, para Salvador. No final do ano, a exposição será exibida na íntegra no Rio de Janeiro.

A mostra abre para o público de 7 de agosto a 04 de outubro,  e discute a questão do espaço nas artes visuais, seja ele físico, discursivo e urbano. No primeiro dia, Shima apresenta mais uma performance, Zona de Conforto/Zona de Confronto,às 18h. Ainda no dia 7, é promovido um encontro com o curador na Filmoteca da Biblioteca Pública Estadual, às 18h30.

Na ótica de Alexandre Sequeira, as obras apresentadas neste recorte curatorial inserem-se neste mundo contemporâneo, cujos fragmentos evocam diferentes sentidos. "Nos trabalhos reunidos, somos levados por diferentes percursos, vendo o mundo por meio do olhar dos outros e, de alguma maneira, acreditando ver também a parcela de mundo apresentado pelo trabalho de cada um", observa o curador.

Alterando percepções – A Série Rua do Futuro, do pernambucano Kilian Glassner, apresenta fotografias que são parte de um projeto pessoal de prospecção urbana, no qual inicia o trabalho escolhendo um imóvel abandonado. O artista o ocupa, realiza nele intervenções com pintura, para depois destruí-las parcialmente, a golpes de marreta, e fotografá-las. Parte destas imagens, em um total de sete, serão exibidas agora em Mirantes. A proposição do artista encerra em seu procedimento algumas questões ligadas aos espaços urbanos, como as de deslocamento, abandono e reocupação.

O trabalho do paraense, Alberto Bitar, por sua vez, remete à memória e a saudade. Chama-se Efêmera Paisagem, no qual ele filma o caminho que percorria com a família, com destino a Mosqueiro, ilha a 70 km de Belém, sua terra natal. A sobreposição de tempo vivenciado em comum no trajeto familiar traçado desde a infância ganha camadas de densidade e importância afetiva.

O também paraense, Dirceu Maués, apresenta o vídeo…feito poeira ao vento…, realizado a partir da edição de uma sequência de 991 fotografias captadas por câmeras artesanais do tipo pinhole, em uma única ação de um giro de 360°. A obra registra o universo da feira de Ver-o-peso, de Belém, sua agitação, a movimentação dos feirantes, o ciclo do tempo e das marés, em imagens fluidas e enevoadas. Este trabalho traduz o diálogo entre os avanços tecnológicos e a sabedoria popular das engenhocas produzidas por essa cultura ribeirinha.

Em outro vídeo, Cercania, Carlota Manzon, de Guajará Mirim, Rondônia, mostra em segundo plano o silêncio de uma paisagem ao cair da tarde. Em seguida, entra em primeiro plano e começa a delinear o espaço com uma fita metálica de modo a, por fim, anular a imagem inicial. Por meio de seus reflexos, a mesma fita metálica acaba construindo uma nova imagem e exibe o que está por trás da câmera. A obra procura compreender o comportamento e as formas de percepção que mudam de acordo com as diferentes estruturas do espaço, criando, aquilo que ela denomina "espaços indefiníveis".

Em Mar-Marau, o mineiro Ariel Ferreira, de Montes Claros, exibe uma vídeoinstalação acompanhada de uma cadeira para o observador se sentar, um aparelho de vídeo-cassete, um televisor e um par de xícaras amarradas por cordões de algodão presas juntos ao vídeo, mas dissociadas do restante dos equipamentos. Deste modo, a obra desloca o observador de um ambiente urbano apresentado na TV, a uma paisagem ficcional.

Retrato Paisagem é uma série de fotografias em cores do cearense Vitor César, nas quais ele é o personagem principal, embora escondido por diferentes toldos dos ombros para cima, tornando-se uma figura anônima. Em Estudo para Espaço, de Marcelo Moscheta, caixas transparentes de bombons Ferrero Rocher, abrigam flocos de algodão iluminados por uma base com luz, vinda de baixo para cima. Como resultado, surge um delicado conjunto que, na leveza e transparência de seus materiais, revela a busca do artista de São José do Rio Preto pela captura do tempo e do espaço.

O curitibano Felipe Scandelari brinca com o olhar do espectador, em seus dois óleos sobre tela (Sem Título).  De longe, a imagem que se vê em um deles forma borboletas, na outra, se vislumbram copos. Ambas são perfeitamente visíveis, mas quando o observador se aproxima o conjunto é desfocado. Segundo a curadoria, esta obra aparenta mais um desses realismos que se multiplicam desde que, a partir do final da década de 1960, a pintura parecia feita à máquina.

A série de quatro litografias da paulistana Laila Terra apresenta um conjunto de manchas circulares que, em um contorno impreciso, revelam a força do gesto contida no registro do pincel embebido de touche litográfico sobre a pedra. As alterações de cor acompanham o tempo de maturação de uma idéia que, como sementes em processo de mutação, explodem ao fim em traços e cores que tomam conta do espaço da composição.

Entre homem e meio ambiente

Bom humor e crítica são as marcas da Série Eclipses (Ocupações). Nestas fotografias feitas entre os prédios da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, Yana Tamayo – nascida nesta cidade – articula objetos plásticos de uso cotidiano em primeiro plano e altera a escala de modo a provocar a um efeito ilusório que distorce o ponto de vista.

Marina de Botas, de São Paulo, exibe Manual Técnico para a Alteração do Pensamento Lógico, que traz um passo-a-passo descrito por delicados desenhos, subvertendo os dos manuais originais, sobre como transformar procedimentos cotidianos em resultados mágicos; como o mito de Ícaro.

Também de São Paulo, Shima realiza duas performances e uma instalação; todos unidos por fitas de isolamento zebradas. Em Zona de Conforto/Zona de Confronto, ele isola dois pilares em uma parte do espaço expositivo com este material. Em Contenção, embrulha bancos, cadeiras e mesas que, isolados, continuam disponíveis para uso normal. Já em Colapso, ele próprio se enrola com a fita, feito um casulo, e permanece imóvel por uma hora.

O carioca Álvaro Seixas apresenta a série de pinturas Paisagem, onde o espectador é desafiado. As espessas camadas de tinta esmalte que recobrem e, por vezes, escorrem da superfície das obras, revelam construções geométricas sensíveis – estranhos elementos que guardam semelhança com formas arquitetônicas.

Rafael Alonso, artista de Niterói, apresenta Desktop e Objeto Autodestrutível. A matéria prima para a realização do trabalho pictórico deste artista é a fita adesiva e o elástico. Trata-se de uma "obra-armadilha", segundo a curadoria. Mais uma vez trabalhando com aquilo que parece, mas não é, estas obras são entendidas à primeira vista como pinturas, porém,  não foram trabalhadas com pincel e tinta.

Grafite sobre papel vegetal é a matéria prima do gaúcho Gabriel Netto, em Desenho Instalado nº 2. O desenho se esparrama pelo solo e, depois, copiado e colado por fitas adesivas, migra para a parede. Já em A Saudade e em Cada Mudança é um Esforço de Permanência, Tiago Romagnani, nascido em Florianópolis, trata dos ciclos que se repetem indefinidamente na natureza, mesmo que urbanizada. Na primeira obra, uma estrutura de madeira deixa cair água constantemente. A segunda é composta por vasos de plantas e um vídeo.

A mostra no original e o programa

Mirantes é um recorte da mostra original Rumos Artes Visuais – Trilhas do Desejo. Ela foi apresentada na íntegra em março na sede do instituto em São Paulo, com a organização de Paulo Sérgio Duarte, coordenador geral da comissão curatorial, desta edição do programa. Entre pinturas, fotografias, esculturas, instalações, vídeos, performances, e videoinstalações, originalmente ela é composta de 72 obras, realizadas pelos 45 contemplados nesta quarta edição do Rumos representam 11 estados e abrangem todas as regiões do Brasil.

O Rumos deste ano reuniu a experiência acumulada nas edições anteriores, contando com uma comissão curatorial maior, sob a coordenação do curador carioca Paulo Sergio Duarte. Quatro outros curadores foram responsáveis por regiões diferentes daquelas onde estão acostumados a atuar e contaram com o apoio de oito assistentes curatoriais das diferentes regiões, que ajudaram na pesquisa e na pré-seleção dos projetos. Alexandre Sequeira (PA) cuidou das regiões Sul e algumas cidades do Sudeste; Christine Mello (SP) foi para as regiões Norte e Nordeste; Marília Panitz (DF), foi responsável por parte do Nordeste e algumas cidades do Sudeste; e Paulo Reis (PR) seguiu para a região Centro-Oeste e parte do Sudeste.

Entre março e maio de 2008, a equipe curatorial fez palestras e debates, com mediação do crítico e pesquisador Guy Amado em 19 cidades. O grupo discutiu com o público temas relacionados à arte contemporânea, como indústria cultural, consumo, globalização, mercado e produção, formação do artista, espaços de exibição, história da arte, e, sobretudo, realizou a difusão do programa Rumos para os artistas locais.

{xtypo_rounded2}SERVIÇO

Mostra MIRANTES
Curadoria de Alexandre Sequeira
Assistência curatorial de Gabriela Motta e Janaina Melo
Abertura: 6 de Agosto, às 19h30min (para convidados)
Com a performance Colapso, de Shima, às 20h
Período da exposição: 7 de agosto a 4 de outubro
Com a performance  Zona de Conforto/Zona de Confronto, no dia 7 de agosto, às 18h
Galeria de Arte Juvenal Antunes
Rua Senador Eduardo Assmar, 1291
Gameleira Rio Branco AC
(68) 3223.9688 ramais 208 e 219
Visitação: segunda a sexta-feira das 08 às 20h; sábado, domingo e feriado, das 16 às 20h
Entrada franca

Encontro com o curador
Dia 7 de agosto, às 18h30
Filmoteca da Biblioteca Pública Estadual
Av. Getúlio Vargas, nº 389.
Entrada franca{/xtypo_rounded2}

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