Coletivos de cultura se unem para levar força de trabalho para bairros da periferia
Quando você pensa em inaugurações e lançamentos, pensa logo em solenidades e protocolos, pessoas discursando, aplaudindo e cortando com tesoura uma fita vermelha, certo? Pois se você for à sede do novo Centro Cultural de Rio Branco neste sábado, 4, vai encontrar gente com enxadas, vassouras, rodos, pincéis e rolos de tinta nas mãos. "A melhor forma de começar um projeto como esse é trabalhando", disse o vice-presidente da Central Única das Favelas, Adão Segundo, mais conhecido como Babu. O projeto em questão é o Centro Cultural Liga Nóis, responsável por unir Adão e colegas de três coletivos de cultura da capital em um mutirão de lançamento.
Como o nome deixa a entender, a entidade tem como objetivo principal vincular comunidades ao desenvolvimento sociocultural, trabalhando junto à sociedade e os poderes públicos. O Liga Nóis é resultado da união de algumas das entidades não-governamentais mais atuantes no movimento cultural em Rio Branco. A filial acreana da organização, hoje internacional, CUFA se juntou ao coletivo de cultura Catraia e ao Centro Acreano de Hip Hop para dar conta do projeto de tocar a sede encravada no bairro Cadeia Velha, próximo a onde nasce a quarta ponte do rio Acre. As três entidades são responsáveis por atingir um grande número de jovens, tanto nos festivais e eventos musicais, quanto nas oficinas profissionalizantes que promovem.
O mutirão, que passará a limpo toda a sede do novo centro cultural, começa a partir das 09 horas e promete deixar o Liga Nóis pronto para ser ocupado pela comunidade. “Esse espaço é da comunidade e é através dela que as ações do centro serão guiadas”, diz Janu Schwab, responsável pelo planejamento do centro cultural junto a Adão Segundo. “A previsão para os próximos quatro meses é de intensa atividade”, garante Janu. O espaço pretende lançar oficinas e trabalhar em conjunto com as pessoas dos bairros da Baixada da Habitasa, Cadeia Velha, Areial e 06 de Agosto, fortalecendo o vínculo entre o centro, seus agentes e as comunidades de cada bairro.
Nas ações programadas pelo Liga Nóis estão oficinas de graffiti, design gráfico, capoeira, xadrez, judô, jiu-jitsu e produção cultural. Algumas delas já começam a ser realizadas a partir do dia 13 de julho. Junto a proposta das oficinas, a sede do Liga Nóis abrigará uma biblioteca com livros, gibis, revistas e acesso a Internet , além do estúdio de ensaio para bandas e conjuntos musicais e um espaço para a exibição de filmes. Para o Catraia, coletivo ligado a valorização da música acreana, a iniciativa é uma forma de fortalecer passos. “Há muito tempo estávamos procurando por uma sede, quando a proposta surgiu ficamos muito felizes. Esse espaço dará estabilidade maior ao Catraia para que ele desenvolva outros projetos culturais”, diz Karla Martins, do núcleo de planejamento do coletivo que, entre tantas outras coisas, é responsável pela realização do já aclamado Festival Varadouro – mais uma vez aprovado no edital da Petrobrás.
Acompanhando Karla e o Catraia está o pessoal do Centro Acreano de Hip Hop, que desde 1997 desenvolve projetos ligados a cultura urbana. “O Centro Acreano de Hip Hop e a CUFA tem muitas semelhanças” afirma Israel Batista, membro da atual diretoria do Centro. “Apesar de sermos uma entidade organizada, nós éramos como nômades. Com o Liga Nóis poderemos fazer atividades periódicas e com continuidade” afirma ele animado com a mudança. “Nós queremos que este espaço seja a nossa casa. Não apenas para as entidades envolvidas, como para a comunidade dos bairros em volta” complementa Babu. Rio Branco, agradece.
Serviço:
Inauguração do Centro Cultural Liga Nóis
Data: Sábado, 04 de Julho
Horário: A partir das 09h
Local: Centro Cultural Liga Nóis, Av. Epaminondas Jácome, 844 – Cadeia Velha