Governo do Estado traz Festival Ventoforte para o Acre

Durante todo o mês de maio o grupo Teatro Ventoforte traz uma série de espetáculos na Usina de Arte e Teatro Plácido de Castro

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Espetáculos reúnem música, teatro e folclore (Foto cedida)

Formado há 35 anos, o Teatro Ventoforte, um dos grupos teatrais mais importantes do Brasil, é conhecido por sua linguagem poética, voltada para cultura popular, sempre valorizando em seus cenários a produção artesanal. Com um elenco de músicos , atores, cantores e técnicos, neste mês de maio, eles vêm do cenário urbano de São Paulo direto para o verde amazônico do Acre, com o Festival Ventoforte, promovido pelo Governo do Estado. O calendário de atividades contempla seis espetáculos teatrais, duas oficinas e uma performance musical.

A estréia acontece na próxima quinta-feira, 14, com o lançamento, aqui no Acre, do livro "Mistério no fundo do pote ou Como Nasceu a Fome", escrito pelo fundador do grupo, o argentino radicado no Brasil Ilo Krugli. Em seguida, o espetáculo que leva o mesmo nome do livro, comanda o festival. E durante os finais de semana de maio, o público acreano vai poder assistir a três peças voltadas para os adultos e três infantis, que acontecem na Usina de Arte e no Teatro Plácido de Castro, com ingressos populares a R$5 e R$2,50.

O grupo também vai ministrar uma oficina que integra as artes cênicas às plásticas, durante os dias 12, 13, 19, 20, 26 e 27, das 8 às 12 horas. São 30 vagas com inscrições gratuitas abertas à comunidade. Os interessados devem procurar a Usina de Arte a partir desta quinta-feira, 07, em horário comercial, para fazer a inscrição.

E no dia 21, quinta-feira, os pais podem levar seus filhos para uma oficina infantil, com o elenco da peça A Centopéia e o Cavaleiro, no horário das 9 às 11 da manhã. As inscrições, gratuitas, também podem ser feitas na Usina de Arte.

A performance musical Cancioneiro Ventoforte vai encerrar os dias de festa. O repertório traz uma seleção das mais de 250 canções compostas nas três décadas de trabalho do grupo, que mostra a beleza e a singularidade da poesia do Ventoforte. Canções que mereceram indicações de prêmios no Brasil e no exterior.

Acompanhe o calendário dos espetáculos pela nossa Agenda Cultural

Veja a sinopse dos espetáculos do Festival Ventoforte

ESPETÁCULOS INFANTIS 

As 4 Chaves – Espetáculo participativo de Ilo Krugli

A peça fala da realização de desejos e sentimentos de quatro personagens (grandes figuras, com cerca de 2,5 metros de altura). Os desejos, que são realizados pelos atores e público, que amassam o pão para os filhos do Seu Zé, que fazem o coração para o Gigante, os filhos da Joana e uma boneca para o "Desconhecido, "Uma conhecida", são roubados por um ladrão e trancados em um baú com quatro chaves, que são escondidas. A partir daí, inicia-se uma viagem mágica em busca das chaves, vasculhando o centro da terra, a fronteira da noite e do dia, o fundo do mar e as nuvens do céu, até as chaves serem encontradas. Com canto, dança, invenções, música e poesias, o espetáculo é uma aventura poética que assume características de brincadeira de rua, que envolve e diverte crianças e adultos. As crianças participam livremente do espetáculo, ajudando a confeccionar algumas alegorias que são produzidas na hora, inclusive a preparação de pães, que são distribuídos no final de cada apresentação. 

Breve histórico do espetáculo

Concebida em 1983, AS 4 CHAVES ficou durante anos em cartaz. Em 2002, realizou uma temporada no TBC, quando Ilo Krugli recebeu prêmio de melhor direção pela Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA. No mesmo ano participou do Festival Porto Alegre em Cena. Em 2003 fez temporada nos CEU’s de São Paulo e no espaço do Ventoforte, além de se apresentar no Centro de Referência ao Teatro Infanto-Juvenil (Teatro do Jockey RJ). Em 2004 e 2006 participou do Projeto Recreio nas Férias da Secretaria de Educação do Município de São Paulo. Além de apresentações em praças, casas de cultura, teatros, etc.

A Centopéia e o Cavaleiro

Atores retirantes, como caboclos que seguem sua trajetória de vida, contam a história de uma centopéia que, dando ouvidos a vários bichos, é convencida de que não precisa de cem patinhas para andar pelo mundo. Permite que amarrem suas patinhas até que fica, por sugestão de uma cobra, sem nenhuma pata para andar, se transformando numa Zeropéia. Depois, desiste dos conselhos dos bichos e de outros mortais, escutando a si mesmo e percebendo que é sim uma centopéia, se aventurando em conhecer uma grande cidade, onde encontra outros bichos e se defronta com outros problemas. Encontra uma estátua de um cavaleiro, o Filho do Pai da Pátria (São Jorge) e o ajuda a dividir suas riquezas entre os mais necessitados da cidade.  

O Rio que vem de longe

"Um Rio que vem de Longe" faz um resgate da linguagem, rituais e imaginário das festas populares. A história de um barquinho que nunca havia navegado, com o Teatro Ventoforte emociona crianças e adultos. A idéia deste espetáculo desenvolveu-se a partir de um roteiro escrito em 1963, com a proposta de servir de exercício de expressão com as mãos. Teve a sua primeira montagem profissional em 1972, desde então sendo várias vezes premiado e apresentado em muitas cidades do Brasil e até no exterior. Em 1988, nasce uma nova montagem um solo que se configurou como uma síntese não só deste espetáculo como também da própria linguagem do Ventoforte. Com ela, Ilo Krugli apresentou-se sozinho em várias cidades da Polônia, Itália, Cuba, Nicarágua, Peru e Argentina. Em 1991, mais uma transformação acompanhada "da saudade dos outros", pois o trabalho coletivo é o centro das propostas do grupo. Desta forma se juntam ao espetáculo solo, cantores e músicos, que ampliam ao vivo a musicalidade, enriquecendo assim o resgate de uma linguagem que vem da celebração dos rituais e do imaginário das festas populares. 

ESPETÁCULOS ADULTO NO ACRE

Bodas de Sangue

Bodas de Sangue é um drama apaixonado de personagens fortes e vulneráveis, como a própria terra. Uma fuga onde o ciúme e a paixão assumem a simbólica luta pelas terras e a integração nela pelo amor e ódio. O Ventoforte, que já várias vezes recriou Lorca no teatro, renova sua história com um dos textos mais poéticos do século XX. Este espetáculo foi criado em 2004 em um projeto da lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. Esteve em cartaz no SESC Belenzinho em outubro e novembro de 2004 e terá uma nova temporada nos CEU’s em fevereiro e março de 2006, que precederá a turnê pela Europa. Recebeu dois troféus na 17a. edição do Prêmio Shell de Teatro São Paulo, nas categorias melhor cenário (Ilo Krugli) e música (Wanderley Martins, Caíque Botkay e João Poletto).

Se o Mundo fosse bom, o Dono morava nele!

O Mamulengo do Cheiroso vai apresentar o maior espetáculo teatral do país, assim que os atores chegarem, pois estão atrasados assistindo a gravação do último capítulo de "Auto da Compadecida" no fim da rua. Finalmente tem início a peça, e no 1º ato, Benedito, arma um plano contra os valentões da cidade Cabo Rosinha e Vicentão Borrote, para ficar com Marieta, moça cobiçada por todos da cidade, mas perde a disputa para Pedro, um caminhoneiro ex-namorado de Marieta. Em "o caso do novilho furtado", 2º ato da peça, sempre Benedito, livra o amigo Mateus da cadeia, acusado injustamente pelo fazendeiro explorador Vicente Gabão de roubar seu novilho. Mas quem será o verdadeiro ladrão?

O 3º ato se passa no céu, e o próprio Cheiroso, dono do mamulengo, representa o Cristo, que vai ser julgado pelos personagens populares e questiona-los se vale a pena voltar para a terra e viver a vida tão sofrida. 

O Mistério no Fundo do Pote ou Como Nasceu a Fome

O espetáculo se desdobra entre as realidades diversas dos personagens e os seus encontros e desencontros na rua; as mudanças e transformações do tempo e das novas tecnologias entrando na vila chamada de Três Saudades. Os brinquedos das crianças e os brincantes das festas têm que marcar as cronologias com cenas históricas do enredo. O público pode até participar, sentado ou em pé, nas duas calçadas coloridas. Num dos extremos da rua está a "Casa das farinhas", e no outro uma escadaria que leva até a Igreja, e a "Casa do Governo", ao alto. Nas laterais da rua, os telhados das casas.  Pela rua desfiles e outros movimentos. Em pontos estratégicos, a estação de trem, o rádio e o cinema ao ar livre. No inicio, o público guiado por vários cegos, entra pelos fundos da "Casa das farinhas" destruída pelos habitantes de "Três Saudades", que durante a ação deverá ser reconstruída e novamente destruída pelo tumulto dos personagens no final. E a escadaria coberta por panos, se transforma no deserto, onde desce o aviador de pára-quedas. 

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