Senadora esteve nas discussões sobre educação junto com Leonardo Boff e outras lideranças
Educadores de diversos países estão reunidos em Belém no Fórum Mundial da Educação (FME). O evento, que tem participação estimada de nove mil pessoas, abriu ontem e termina hoje, no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. O evento teve a presença da secretária de Estado de Educação, Iracy Gallo, e representantes do Ministério da Educação (MEC) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (Unesco).
Com o tema "Educação, Transgressão e Construção da Cidadania Planetária", a conferência de abertura teve como destaques o precurssor da Teologia da Libertação e autor de mais de 60 livros, Leonardo Boff, e da ex-ministra de Meio Ambiente, senadora Marina Silva (PT-AC). A conferência foi aberta pelo professor Moacir Gadotti, diretor do Instituto Paulo Freire, um dos organismos responsáveis pela realização do fórum.
Gadotti definiu o caráter do FME. "Aqui não estamos para trazer respostas, pacotes. Nós viemos de longe para compartilhar, para celebrar, aprender juntos com as populações, com o povo diverso da Amazônia. Ele comentou o tema do evento e o uso das idéias de transgressão e cidadania planetária. O objetivo da transgressão é simples: outro mundo possível. Somos um povo só. Tudo que fizermos de errado a ela [Terra] recairá sobre nós. Não podemos nos resignar à devastação. Quando se queima uma floresta aqui, está sendo queimada uma parte do planeta", disse.
Mobral – A senadora Marina Silva destacou a importância de se debater questões referentes a uma educação de qualidade no país. "É um encontro de idéias de grande importância, pois a educação tem uma força significativa na sociedade. Temos que pensar em uma educação comprometida com o desejo e a necessidade de ensinar e aprender, por isso essa troca de conhecimento entre os participantes é fundamental", afirmou.
Marina emocionou a platéia ao relatar que aprendeu a ler aos 16 anos num curso do antigo Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), e classificou esse momento como mágico. "A educação que precisamos para esse novo processo civilizatório não pode estar baseada na estagnação. A educação tem que ser criativa", defendeu.
O teólogo Leonardo Boff abriu seu pronunciamento falando da série de crises que colocam em xeque a civilização ocidental. "Ou fazemos coalizão de forças, ou podemos ir ao encontro do pior, porque a terra poderá continuar sem nós. Como criar condições para que o planeta continue vivo?", questionou. Boff lembrou que, a partir dos anos 1980, o planeta começou a perder seu equilíbrio.