Escolas estaduais de Rio Branco desenvolvem projetos de consciência étnico-racial

O mês de novembro é dedicado à consciência negra. Por isso, a Secretaria de Educação, Cultura e Esportes (SEE) orienta as escolas a desenvolverem projetos e atividades voltados à temática. Em Rio Branco, algumas delas, entre as quais a Boa União e a Zuleide Pereira, na região da Vila Acre, realizaram ações educativas e de conscientização.

Entre os vários painéis e ações desenvolvidas estão o salão afro, com cortes africanos, um painel de personalidades negras que fizeram a diferença na história do Brasil e do mundo, a questão da influência culinária africana, um painel mostrando gráficos relativos à desigualdade étnica no Brasil, além de máscaras e leis abolicionistas.

Alunos da Zuleide Pereira apresentando trabalhos sobre a consciência negra. Foto: Stalin Melo/SEE

Na escola Zuleide Pereira, o projeto da consciência negra foi mostrado juntamente com o projeto ZPS leitora, em que os alunos montaram uma tenda literária com a finalidade de apresentar a segunda edição do livro “Pequenos Poetas”. As poesias do livro foram recitadas em forma de rap à comunidade presente. No local também aconteceu a mostra de ciências.

Na escola Boa União houve a apresentação de vários painéis. Foto: Dayana Soares/SEE

Outro tema abordado foi a boneca Abaomy, apresentada pelos alunos do Atendimento Educacional Especializado (AEE) do quinto ano da escola Zuleide Pereira e orientado pelas professoras Raquel Maciel, Thaiz Pereira e Cilnaira Melo. A boneca surgiu no tempo da escravidão e era feita de retalhos, já  que as crianças negras trazidas para o Brasil não tinham como e nem com o que brincar.

Já as turmas do oitavo ano apresentaram os mais diversos jogos de origem africana como o morabaraba, jogado com peças chamadas vacas onde para se ganhar ou se deixa o adversário sem condições de se movimentar no jogo ou o deixa apenas com duas vacas.

Diversos jogos africanos foram apresentados pelos alunos. Foto: Stalin Melo/SEE

Outro jogo apresentado pelos alunos foi a mancala, cujo objetivo é coletar sementes em um oásis. Tem também o yoté, semelhante a um jogo de dama, cujas pedras se movimentam na horizontal e na vertical. Ganha quem capturar as pedras do adversários ou deixa-o bloqueado.

Já entre as principais personalidades  negras mostradas no painel, a partir do líder Zumbi dos Palmares, estão o escritor Machado de Assis, o professor Milton Santos, o jogador Pelé, o advogado Luiz Gama, o ator Grande Otelo, além de lideranças internacionais como Luther King e Nelson Mandela.

Professora Gilderlene Pontes explicou que painéis são culminância de trabalhos realizados.
Foto: Stalin Melo/SEE

A diretora da escola Zuleide Pereira, professora Gilderlene Pontes, faz questão de explicar que os painéis representam a conclusão de trabalhos realizados pelos alunos ao longo do ano letivo. “Durante o ano a gente faz esses trabalhos e a SEE traz esse caderno de projetos que desenvolvemos”, explica.

“Dentro do nosso projeto de consciência étnico-racial, trabalhamos durante todo o ano também dentro da transversalidade, das várias disciplinas, para tentar acabar com toda essa desigualdade que nós temos entre as raças e que não pode existir”, afirma a professora.

Aceitar as diferenças

Na escola jovem Boa União, os alunos também fizeram a apresentação de diversos painéis ligados ao projeto de consciência étnico-racial. Para a professora Samile Vieira, que é coordenadora de ensino da escola, trata-se de um projeto que vem sendo trabalhado ao longo do ano.

Danças africanas foram apresentadas na escola jovem Boa União. Foto: Dayana Soares/SEE

“Com esse projeto, os alunos aprendem a respeitar e aceitar as diferenças, além de reconhecer a nossa identidade, uma vez que leva as pessoas a terem mais consciência e a respeitar uns aos outros. Durante o ano, tivemos palestras sobre racismo e atividades em sala de aula falando sobre o preconceito e a diferença de gênero”, explicou.

Marcelo Bastos fez um desenho representando um guerreiro africano se libertando. Foto: Dayana Soares/SEE

O aluno Marcelo Bastos apresentou um painel com desenhos mostrando um guerreiro negro se libertando. “A gente aprende sobre o sofrimento das pessoas negras”, disse. Já a aluna Jamille Costa afirmou se tratar de um projeto divertido e cheio de surpresas. “A gente fica mais pensativa sobre a história e o que pode mudar no futuro”, frisou.

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