O ensino tratado como algo simples

Por Glauber Abecassis*

A escrita de hoje busca mostrar quão difícil é o repasse de informações precisas, do saber, da transmissão contínua de conhecimentos para outras pessoas.

Critico a expressão “ensino-aprendizagem”. Prismatizo meu fundamento até por escutar, por vezes, frases ditas por profissionais educadores: “Eu ensino. Eles [os alunos] não conseguem aprender”. E o que dizer dos autodidatas? Alguém os ensinou o que eles fazem através de metodologia própria? Como explicar que eles aprendem algo que necessitam executar sozinhos?

Distanciando-nos um pouco dessas reflexões e introspecções, voltemos ao primeiro parágrafo, fazendo outros questionamentos: como padronizar os repasses de conhecimentos para uma turma de vinte pessoas, sendo que essas têm culturas diferentes, berços familiares diferentes, sentimentos individuais, recursos financeiros distintos e sonhos diversos? Sem tocar no assunto de que cada um tem seus problemas de ordem particular ou coletiva!

Quando os governantes e legisladores olharem por esses ângulos apresentados e derem valor ao que os estudiosos da educação sugerem e conseguirem ler de forma preocupada o que os números que a estatística lhes mostra, verão que o desafio de ensinar é muito mais complexo do que simplesmente se imagina.

Como está descrito no livro As Competências para Ensinar no Século XXI (Artmed Editora-2002), os ensinamentos de Edgar Morin, sociólogo francês, propõem sete saberes fundamentais para a missão de ensinar: As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão; Os princípios de um conhecimento pertinente; A condição humana; A identidade terrestre; O confronto com as incertezas; A compreensão e A ética do gênero humano.

Vale salientar que todos os fatores até aqui citados ainda dependem de um conjunto de outros não menos interessantes, quais sejam: a preparação do ambiente, a limpeza, a iluminação, a acústica, a adequação, a adaptação, os recursos audiovisuais, as sinalizações e avisos inclusivos. Além é claro, do bom, do preparado, do capacitado, chamado importantemente e respeitosamente de professor!

Tudo isso será levado em consideração quando vontade política e recursos econômicos estiverem convergidos num mesmo sentido.

*Glauber Abecassis é gestor de políticas públicas do Estado Acre, formado em Ciências Biológicas e em Direito. Especialista em Educação de Jovens e Adultos, em Ensino de Biologia e Química e mestrando em Educação

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter