Os povos indígenas do Acre prestam um importante serviço de reflorestamento e conservação do bioma amazônico no estado. Para intensificar essas ações, na última terça-feira, 15, foi iniciado o XXVII Curso de Formação de Agentes Agroflorestais Indígenas (AAFIs), que contribui para o saber e prática ambiental desses profissionais no dia a dia das suas aldeias. O evento foi realizado no Centro de Formação dos Povos da Floresta.
O XXVII Curso de Formação de Agentes Agroflorestais Indígenas (AAFIs) é uma iniciativa do Governo do Estado do Acre, por meio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e das Políticas Indígenas (Semapi), custeada com recursos oriundos do Programa REM Acre Fase II. A parceria é fruto de cooperação financeira entre os governos do Acre, da Alemanha e Reino Unido para implementação de projetos voltados para conservação das florestas e cuidados de suas populações. A sigla REM significa REDD Early Movers, em português REDD+ para pioneiros.
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A capacitação é realizada pela Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC), em parceria com a Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (AMAAIAC) e abrange diversas áreas, desde a arte de ofício até o manejo ambiental.
“Incentivar o protagonismo dos indígenas em suas comunidades é um dos focos do curso. Essa é a forma que a gestão trabalha, ouvindo os indígenas e apoiando projetos que eles definem como prioritários”, conclui Israel Milani, secretário de Estado do Meio Ambiente e das Políticas Indígenas.
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O Curso de Formação
coordenadora executiva da Comissão Pró-Índio, Vera Olinda, destaca a importância do curso, que aprofunda o conhecimento dos indígenas que querem se tornar agentes agroflorestais: “Essa capacitação vai garantir um aprofundamento na área de conservação da floresta, principalmente na segurança alimentar e manutenção de paisagem. Esse é um trabalho pioneiro no Brasil e no Acre, e vem contribuindo para a redução do desmatamento e a manutenção da biodiversidade e equilíbrio do clima”.
Os indígenas durante um mês vão se aprofundar no conhecimento dos modelos de agroflorestas nas comunidades acreanas. O professor do curso e coordenador pedagógico do Programa Agroflorestal Indígena, Renato Antônio Gavazzi, afirma que os resultados já são visíveis.
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“Os resultados já aparecem, vemos evolução na implementação da recuperação de mata ciliar, reflorestamento, enriquecimento de capoeira, enriquecimento de roçado, implementação dos sistemas agroflorestais nos quintais, além de trabalhar no manejo e conservação de animais”, afirma Gavazzi.
O centro de formação oferece cinco modalidades de implementação nos cursos: presencial; oficinas itinerantes, que acontecem nas aldeias; rede de intercâmbio; implementação; e a monografia. Os agentes agroflorestais se formam após um período de sete anos de formação contínua. De acordo com o professor, são 5420 horas/aula para a conclusão do curso.
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“Comecei a formação em 2014, e hoje estou continuando o curso para ser reconhecido como agente agroflorestal. É importante levar o conhecimento às nossas aldeias e cada família coloca em prática o que aprendemos aqui”, comenta o indígena Pupuã, Pedro Evaristo Muniz, do povo Nukini, terra indígena Recanto Verde.
O Bane, Antônio de Carvalho Kaxinawá, do povo Huni Kui, terra indígena Nova Olinda, afirma que está no curso para trabalhar como gestor ambiental dentro da sua aldeia: “Nós trabalhamos com recursos naturais, para que não faça falta para nós no futuro. Fazemos o reflorestamento e a preservação da floresta. É muito importante que esse conhecimento chegue a todos os nossos parentes, para que possamos organizar os recursos naturais dentro das nossas terras”.