Aprenda a ouvir

Sem paladar, sem olfato, com poucas possibilidades de tato e com a visão um tanto limitada pelo isolamento social, a população mundial afetada pela Covid-19 usufrui apenas de um sentido em sua plenitude: a audição.

Se ouvíssemos mais e contestássemos menos, estaríamos nessas condições? Se aceitássemos o que diz a ciência e as leis, estaríamos andando em círculos há mais de um ano? Se buscássemos ouvir a voz de Deus, dos pais, do nosso coração, teríamos mais acertos? E se… e se…., são muitos “se” que ficarão sem resposta. Ainda não aprendemos a ouvir.

Desde a chegada do novo coronavírus ao Brasil, em 26 de fevereiro de 2020, a população está dividida por causa de suas crenças e convicções. Querer a todo custo emitir uma opinião é apenas mais uma demonstração de que não sabemos ouvir, observar, silenciar e dar voz àqueles que têm, de fato, capacidade para instruir.

Ora, se a ciência é unânime em dizer que o uso da máscara por um infectado por coronavírus reduz em até 75% as chances de contaminar uma pessoa sadia, por exemplo, quem sou eu para não confiar?

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), renomada instituição brasileira que promove a saúde e difunde conhecimentos científicos, reitera orientações de diversas organizações mundiais de saúde, incluindo o Ministério da Saúde (MS), sobre o uso de máscaras durante a pandemia, o que, em larga escala, oferece uma básica proteção coletiva.

Seria uma simples colaboração da população para garantir a sua sobrevivência, mas a resistência ao simples, a incapacidade de ouvir e compreender, leva a humanidade agir de forma autodestrutiva, pior que um vírus.

Um dia, quando aprendermos a ouvir, entenderemos o porquê desse sentido ter sido o único não afetado pela pandemia. Ouça. Liberte-se. Ainda há tempo para despertar o quinto sentido.

Renata Brasileiro é editora-chefe da Agência de Notícias do Acre

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