Missa celebra a morte do mineiro assassinado por defender o direito dos seringueiros
Nesta quarta-feira, 18, às 19 horas, familiares, amigos e simpatizantes da causa defendida pelo sindicalista Ivair Higino, estarão na Catedral Nossa Senhora de Nazaré, para celebração da missa que vai lembrar os 20 anos de sua morte.
Ivair Higino nasceu no estado de Minas Gerais, e veio para o Acre em 1985 junto com a família, assim como vários trabalhadores de outras regiões do país que ocuparam projetos de assentamentos que estavam sendo implantados aqui pelo INCRA.
Defensor dos direitos de seringueiros e colonos, Ivair era considerado "braço forte" de Chico Mendes, com quem tinha muito em comum: ambos lutavam em defesa da floresta amazônica, da reforma agrária, e já avistavam o desenvolvimento sustentável como a única forma de atingir o progresso econômico e social, pois o meio ambiente estaria preservado. Além de compartilharem os mesmos ideais, os dois sindicalistas morreram no mesmo ano, e pelos mesmos motivos.
"Ele (Ivair) continua sendo um personagem importante da história do Acre, porque foi um dos que lutaram contra a ganância e ambição desenfreadas de fazendeiros", declarou Ângela Mendes, presidente do Comitê Chico Mendes.
Ivair Higino foi assassinado no dia 18 de junho, praticamente na porta de casa, quando ia buscar leite para o filho recém-nascido. O sindicalista era o mais velho de uma família de seis irmãos, e devido ao seu trabalho junto à comunidade rural ficou logo conhecido na região de Xapuri, onde era considerado um verdadeiro líder.
A morte do sindicalista completa 20 anos nesta quarta-feira. Durante todos esses anos, a família daquele que é considerado um dos mártires ainda amarga o sabor da injustiça. O julgamento dos acusados do crime aconteceu recentemente, mas dos três, apenas um foi condenado: Oloci Alves da Silva, filho do fazendeiro Darli Alves, recebeu como punição uma pena de oito anos de reclusão em regime semi-aberto. A sentença teve repercussão negativa e causou revolta nos familiares, amigos e nas pessoas que lutam para que a luta e morte de Ivair não tenham sido em vão.
"Às vezes a justiça brasileira é falha porque pune os bons, e solta os maus. O Ivair estava lutando pelo direito à vida, pelo direito à posse da terra, era um cidadão de bem, que lutava em favor dos menos favorecidos, e que por isso foi morto. Essa decisão judicial favorece a impunidade, mas não enfraquece a luta, porque ela é de todos nós", disse Abraim Farhat, ativista dos direitos humanos e membro do Comitê Chico Mendes.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT), entidade ligada à Igreja Católica e o Comitê Chico Mendes convidaram lideranças que representam os mais diversos segmentos da sociedade para participarem da missa, que acontece a partir das 19h.