Gladson Cameli solicita ajuda dos governos do Brasil e Peru para conter chegada de peruanos ao Acre

Mesmo com o bloqueio total das fronteiras entre Brasil e Peru, migrantes do país vizinho não param de chegar ao município de Assis Brasil. Preocupado com o agravamento da pandemia do novo coronavírus, o governador Gladson Cameli solicitou apoio no Itamaraty, no Ministério da Justiça e Segurança Pública, da Embaixada Peruana no Brasil e também do consulado-geral do Peru no Acre para que medidas sejam adotadas com urgência dada a gravidade da situação.

Barreiras são importantes para conter a entrada de migrantes no Acre Foto: Odair Leal/Secom.

Recentemente, quatro peruanos, de um grupo de 22 migrantes vindo de São Paulo, testaram positivo para Covid-19 em território acreano. A constatação foi possível graças as barreiras sanitárias e operações de vigilância em saúde e segurança montadas pelo governo estadual. Informações da Inteligência da Polícia Federal também confirmaram a entrada de mais 38 peruanos no último dia 7 de maio.

Nos ofícios encaminhados, Cameli citou que cerca de 300 migrantes, de várias nacionalidades, encontram-se abrigados em duas escolas públicas e uma pousada de Assis Brasil., potencializando o risco de proliferação do vírus entre os próprios estrangeiros por causa da aglomeração e colocando em risco os moradores do município. Gladson explicou ainda que a maioria das despesas vem sendo custeada pelo Estado e prefeitura, além de doações.

Governador disse que esta questão é de responsabilidade do governo federal e pediu mais apoio estratégico, tático e operacional Foto: Diego Gurgel/Secom.

Referindo-se à Lei de Migração, o gestor lembrou que esta questão é de responsabilidade do governo federal e pediu mais apoio estratégico, tático e operacional das políticas migratórias, ajuda humanitária e soluções de questões diplomáticas aos estrangeiros que se encontram no Acre, sobretudo, neste período de pandemia.

“Não estamos fugindo da nossas responsabilidades e, muitas vezes, temos feito aquilo que não é nossa obrigação. Estamos ajudando esses estrangeiros com abrigo e alimentação. Mas quero dizer que chegamos ao nosso limite e estamos pedindo socorro para a União. O momento é de dar as mãos e encontrarmos uma solução o quanto antes”, frisou o governador.

Ao governo peruano, Cameli solicita repatriação de migrantes

No ofício endereçado para a Embaixada Peruana no Brasil e também do consulado-geral do Peru no Acre, o governador reforçou sua apreensão em relação ao rápido avanço de casos confirmados de Covid-19 no estado e teme pelo agravamento com a chegada descontrolada de migrantes oriundos de outras regiões brasileiras. Segundo estimativas da Polícia Federal, até 800 estrangeiros devem adentrar ao estado nos próximos meses.

Gladson pediu que o ministério das Relações Exteriores do Peru seja alertado quanto a criticidade que peruanos estão sendo submetidos e ainda requisitou a promoção de ações diplomáticas flexibilizando a repatriação dos nacionais peruanos, por via terrestre, ou por meio de voos humanitários.

“Talvez, o governo peruano não tenha o real conhecimento daquilo que os seus cidadãos estão enfrentando na fronteira. Com esse pedido formal, acredito que medidas serão tomadas para aliviar o sofrimento daquelas pessoas que querem apenas regressar ao seu país de origem e ficar mais próximo de seus familiares”, argumentou Cameli.

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