“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”. A frase é do educador e filósofo brasileiro Paulo Freire e foi colocada logo na porta de entrada da escola implantada dentro da unidade penitenciária Francisco de Oliveira Conde (Foc). Local que, para o sistema, só cumprir penas não é suficiente e usa a educação como chave de acesso para a ressocialização abrindo um leque de novas possibilidades aos apenados.
Na manhã desta sexta-feira 10, a exemplo, a Secretaria de Educação em parceria com o Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), entregou 33 novos certificados a reeducados que passaram pelo Exame Nacional de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). São homens e mulheres que chegaram ao sistema sem nenhuma perspectiva e receberem a liberdade estarão prontos para se candidatarem a concursos públicos ou universidades.
“Cada um desses reeducandos que conseguiram sua certificação saem daqui com a oportunidade de dar um passo à frente. Participaram do exame nacional 108 candidatos e destes, 33 passaram. Entregamos 23 hoje e os que sobraram foram de reeducandos que já saíram ou que foram transferidos de unidade”, explicou a gerente de educação do instituto, Margarete Frota.
O exame, aplicado pelo Inep, é destinado àqueles que não concluíram os estudos na idade adequada e serve como oportunidade de obter os certificados do ensino fundamental e médio. Recluso de sua liberdade há sete anos, o jovem Arisson Martins, de 24 anos conseguiu seu certificado de conclusão do ensino médio e pretende fazer faculdade de medicina.
“Eu fiz coisas erradas no meu último ano de escola e não consegui terminar os estudos, aqui eu tive oportunidade de concluir e agora estou com meu diploma na mão. Só neste tempo que estou aqui, já li aproximadamente 30 livros, escrevi um sobre o que eu era antes e minha experiência no presídio, pretendo publicar e espero que sirva de exemplo para outras pessoas. Vou ganhar minha liberdade esse ano e saindo quero realizar o meu sonho de formar em medicina”, disse o reeducando.
Para a chefe de departamento e reintegração social do Instituto de Administração Penitenciária, Jandira Bandeira, é gratificante acompanhar e mudar a realidade de cada detento que chega na unidade. “Eles chegam muito vulneráveis, sem perspectivas, desmotivados e aqui nos priorizamos em dar oportunidades de ressocialização e a educação é a porta de entrada para isso. Para nós é importante que aqui não seja só um local de passagem, mas um lugar que mude radicalmente a vida deles e lhes de oportunidades de recomeçar”, destacou.