O sonho do primeiro emprego e renda financeira fixa está prestes a se tornar real para 20 jovens do Projeto de Assentamento Agroextrativista Porto Dias, localizado na zona rural de Acrelândia. Com a implementação do Plano de Gestão da Associação Seringueira Porto Dias, o grupo iniciou nesta terça-feira, 12, o curso de confecção de artesanato com resíduos madeireiros.
Para garantir a participação ativa dos inscritos, os jovens recebem uma bolsa-auxílio mensal, no valor de R$ 350. O curso tem duração de nove meses e propõe a confecção de aproximadamente três mil peças decorativas, que serão comercializadas e vão gerar renda aos novos artesãos.
[aspas fala=”Eu tive que sair para estudar, mas retornei porque a minha vida é aqui. Esse projeto vai proporcionar uma melhoria de vida para todos nós. Não apenas por causa da bolsa, mas porque vamos aprender uma profissão, utilizando os produtos disponíveis na nossa floresta” autor=”Daiane do Nascimento ” cargo=”Estudante, 19 anos” imagem=”http://www.agencia.ac.gov.br/wp-content/uploads/2017/12/DSC_7853.jpg”]
Para que o plano de gestão se concretizasse na comunidade, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), por meio do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre (PDSA) – financiado pelo Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID) – investiu R$ 554,5 mil no instrumento de gestor. Os outros 21% foram capitaneados pela associação.
Daiane do Nascimento, de 19 anos, relata a importância do curso para a sua vida. “Eu tive que sair para estudar, mas retornei porque a minha vida é aqui. Esse projeto vai proporcionar uma melhoria de vida para todos nós. Não apenas por causa da bolsa, mas porque vamos aprender uma profissão, utilizando os produtos disponíveis na nossa floresta”, salientou a jovem.
Para o presidente da Associação Seringueira, Jesus Freitas do Nascimento, o curso representa uma mudança de paradigma. “Moro há 34 anos aqui e nunca vi algo semelhante acontecer. Para eles que vão fazer o curso é como se tivessem ganhado uma nova vida, novas oportunidades”, ressaltou.
Marky Brito, diretor executivo de Florestas da Sema, observa que o Estado tem em curso uma política de desenvolvimento sustentável, que garante a preservação da floresta, ao mesmo tempo que a torna produtível. “Esses jovens vão utilizar resíduos madeireiros encontrados na floresta. Além disso ser uma alternativa de trabalho e renda, é uma forma de cidadania, uma vez que vamos proporcionar mais qualidade de vida na comunidade”, disse.
Experiência profissional
A qualificação em beneficiamento de madeira reaproveitada é ministrada pelo artesão acreano Nonato Montefusco, conhecido no mercado nacional pela produção de gamelas sustentáveis.
As gamelas são objetos de decoração que utilizam madeira como matéria-prima. As peças de Nonato são todas feitas de madeira de descarte, árvores caídas e pedaços de troncos que ele recolhe na floresta. Além do valor ambiental que os itens carregam, cada gamela é única, uma vez que é impossível reproduzir a mesma peça.
“Esse é um mercado que só cresce no Brasil. Tudo que for produzido aqui será vendido e os jovens vão receber uma comissão por isso. A gente estima que, no decorre do curso, os participantes faturem uma média de R$ 2 mil por mês”, observou o artesão.
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