Foi aberta oficialmente na manhã desta segunda-feira, 27, no Anfiteatro Garibaldi Brasil, em Rio Branco, a Campanha pelos 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher.
O evento contou com a presença da governadora em exercício Nazareth Araújo e de várias autoridades que trabalham na rede de atenção e proteção a mulher em todo o estado.
Alunos das escolas estaduais Berta Vieira e Lindaura Leitão, que participam do Projeto Quem Ama Abraça, também estavam presentes.
A campanha pela eliminação da violência contra as mulheres é realizada no Brasil e em 160 países e se encerra no dia 10 de dezembro, data na qual se celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
A data foi escolhida para lembrar as irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa Mirabal, conhecidas como “las Mariposas”, assassinadas brutalmente no dia 25 de novembro de 1960 pelo ditador Rafael Trujillo, da República Dominicana, a quem faziam oposição.
Elas sofreram uma emboscada quando estavam em viagem para visitar os maridos que estavam presos. O assassinato causou forte comoção no país e ajudou a aumentar a luta contra a ditadura, que culminou com a morte do ditador meses depois.
Para Nazareth Araújo, é primordial para chamar atenção sobre os casos de feminicídio, estupros e de violência doméstica que atinge mulheres e crianças. “Que esses 16 dias de ativismo sejam muito produtivos. Esperamos lá na frente colher os frutos de ações como essas pelo fim da violência contra a mulher. Precisamos cultivar o sonho de um dia não precisarmos mais fazer campanhas como essas e que possamos viver verdadeiramente numa sociedade de paz, respeito amor e harmonia”, frisou.
Para a secretária de Políticas para Mulheres, Concita Maia, no Brasil a violência contra as mulheres se tornou endêmica e sistêmica, atingindo todas as classes sociais de norte a sul e de leste a oeste no país. “Temos que desconstruir o pensamento equivocado da supremacia do masculino sobre o feminino que é onde reside toda a violência contra a mulher”, alertou a secretária.
Ela comentou ainda que as atividades estarão acontecendo não somente em Rio Branco mas em todos os municípios do Acre. “Convocamos toda a sociedade para junto com os poderes constituídos fazer esse enfrentamento à violência e que possamos dessa forma, construir uma sociedade verdadeiramente de paz”, destacou Concita Maia.
Dados da violência no Brasil
Segundo a pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, publicada pelo Instituto Datafolha em março de 2017.
Uma a cada três brasileiras com 16 anos ou mais foi espancada, xingada, ameaçada, agarrada, perseguida, esfaqueada, empurrada ou chutada nos últimos 12 meses.
Cerca de 40% das mulheres acima de 16 anos sofreram algum tipo de assédio, o que inclui receber comentários desrespeitosos nas ruas (20,4 milhões de vítimas), sofrer assédio físico em transporte público (5,2 milhões) e ou ser beijada ou agarrada sem consentimento (2,2 milhões de mulheres).
Cerca de 66% de pessoas presenciaram uma mulher sendo agredida fisicamente ou verbalmente em 2016.
Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 2015 aponta que:
A cada 11 minutos uma mulher é estuprada e a cada 7,2 segundos uma mulher é vítima de violência no Brasil. Há estimativas de que esses seja o registro de apenas 10% do total dos casos ocorridos.
De acordo com o IPEA com base em dados de 2011 do Sistema de Informações de Agravo de Notificação do Ministério da Saúde:
Cerca de 70% das vítimas de estupro são crianças e adolescentes. O crime é cometido principalmente por homens próximos às vítimas.