A morte ainda no ventre (abortamentos espontâneos ou morte fetal) pode ser explicada pela medicina por vários fatores, entre eles doenças genéticas do próprio feto, causas maternas como síndromes hipertensivas, anemias, infecções, desnutrição, uso de drogas licitas ou ilícitas, problemas com a placenta ou parto prematuro.
O óbito fetal é definido como a morte do feto antes da completa expulsão ou extração do produto conceptual a partir de 22 semanas completas de gestação (Ministério da Saúde). Antes disso, se o feto morre considera-se que houve um aborto espontâneo.
O ginecologista/obstetra José Everton Santiago, diretor técnico da Maternidade Bárbara Heliodora, explica que, antes de tudo, é feito a classificação do período gestacional, quando a mulher dá entrada na maternidade com morte fetal. Em casos de óbito embrionário durante o primeiro trimestre – abaixo de 12 semanas de gestação -, é possível esperar até 15 dias para que o organismo aja sozinho e expulse naturalmente.
“A falta de informação é a que mais gera conflitos na saúde. Jamais vamos por em risco a vida. A espera não vai gerar risco para essa mulher, nesse caso especifico. Na grande maioria das vezes, pela aflição da paciente, a gente acaba não esperando esse tempo para o organismo agir, e iniciamos o esvaziamento uterino pós abortamento por aspiração manual intrauterina, um procedimento rápido, simples e seguro para os casos de aborto retido ou incompleto no primeiro trimestre da gestação”, destaca o médico informando que somente no primeiro trimestre ocorre esse tempo de espera e a liberação da paciente.
Quando o aborto ocorre no segundo trimestre, acima de 12 semanas, e abaixo de 22, o tempo de espera é invariável, mas essa paciente já fica sob cuidados, recebendo medicação para a indução do parto. “A paciente fica internada, sendo administrado remédios para que faça o útero abrir e o parto ocorra naturalmente”, explica.
“Parto normal é a melhor opção”, diz médico
Para o especialista, independente do período gestacional, não há situações que justifiquem um procedimento cirúrgico “cesariana” para a retirada do feto já sem vida do útero da mãe. Santiago não tem dúvidas que o parto normal é a melhor opção. “Uma intervenção cirúrgica tem sempre mais perigos. Não é correto, do ponto de vista médico, fazer uma mulher passar por uma cirurgia complexa para a retirada de um feto morto. Quando a gente tenta produzir um aborto natural, por via vaginal, não é porque gostamos de ter uma paciente aqui, cinco dias tomando remédios. Além dos riscos, sobretudo, estamos preservando o futuro reprodutivo dela sem deixar marcas no corpo, que podem gerar ainda mais traumas pela perda de um filho”, observa.
Após a expulsão, na maioria dos casos é necessária a curetagem uterina para remoção de restos placentários.