Uma equipe da Divisão de Saúde da Criança da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) realiza no Hospital da Mulher e da Criança, de Cruzeiro do Sul, uma capacitação sobre o Método Canguru para os profissionais de Saúde que atuam na UTI e UCI neonatal. As quatro tutoras do curso são profissionais ligadas à Sesacre.
O Método Canguru, idealizado na Colômbia em 1979 e adotado pelo Brasil, por meio do Ministério da Saúde (MS) em 2006, “é uma nova forma de dar assistência ao neonato, uma maneira de cuidar ‘humanizadamente’ da mamãe e do bebê”, explica a enfermeira Sílvia Helena Carneiro.
A partir da década de 70, quando começaram a aparecer as UTIs neonatais, os bebês puderam ser retirados com vida, mas surgiu um grande questionamento sobre a qualidade de vida desses prematuros, cheios de problemas. A metodologia trouxe qualidade de vida para esses neonatos. “A diminuição dos efeitos negativos é visível nesses bebês – menor índice de infecção neonatal, melhor comportamento motor, neuropsíquico e afetivo”, relata Silvia Carneiro.
Mas, por que o nome ‘canguru’? É simples. O posicionamento do bebê no colo da mãe é semelhante à maneira que o canguru carrega os filhotes. Ou seja, um maior contato – pele a pele – contra o peito da mãe.
As etapas
A psicóloga Silvane Cruz explica que o método canguru consiste em três etapas. A primeira é desenvolvida na UTI – quando a criança nasce prematuramente e corre grande risco de morte. Quando ele completa 1,250 kg, estando estável, já pode passar para a Enfermaria Mãe Canguru, onde a mãe vai aprender quais os cuidados especiais e quais os sinais de risco, para que ela possa recorrer à maternidade em qualquer sinal de alerta.
É como se fosse um período de estágio, em que a mãe conhece melhor seu filho, aprende a cuidar dele e, principalmente, com auxílio de uma equipe multidisciplinar, recebe informações sobre como estimular o aleitamento exclusivo, pois tal procedimento, especialmente para um bebê prematuro, é primordial para sua sobrevivência, manutenção de sua saúde e futura qualidade de vida. Nessa segunda etapa, a equipe multidisciplinar vai capacitar essa mãe para a terceira etapa, que ela vai desenvolver no próprio domicílio, com acompanhamento ambulatorial.
Na terceira etapa a agenda é aberta. A mãe pode em qualquer risco, sinal de alerta ou emergência recorrer à equipe multidisciplinar.
Maternidade aperfeiçoa o método
“É importante essa capacitação para nós, pois, o método canguru é importante para o processo de desenvolvimento neurológico, fisiológico, psicoafetivo e comportamental do bebê”, relata, entusiasmada, a psicóloga Cíntia Maiola Sampaio, que trabalha na maternidade de Cruzeiro do Sul.
Para Cíntia Sampaio, é importante que os profissionais tenham conhecimento de como tratar o bebê, além de saber colher também a família. Isso porque, quando o prematuro vai para a UTI – ou para o Método Canguru -, a família fica fragilizada com a situação. “Nosso trabalho é fazer esse acolhimento da família, dar-lhe orientação, apoio e estímulo para que eles possam também levar o método canguru para suas casas.”
O método já era aplicado na maternidade cruzeirense, mas havia necessidade de aprimoramento, daí o curso. “Não imaginava que poderia ser feita pós-internação, ou seja, em casa. Está cientificamente provado que ajuda muito na saúde e no desenvolvimento da criança”, disse a psicóloga Cíntia.
Mãe das gêmeas Analice e Ana Luíza, a enfermeira Jônica da Costa está passando um tempo na enfermaria Mãe Canguru. “O método contribui para uma maior aproximação entre a mãe o bebê e, como ‘mãe de primeira viagem’, senti que precisava mesmo desse contato mais físico, não só psicológico, para o desenvolvimento delas”, comenta.