Povos indígenas realizam I Encontro Cultural Nukini e Naua na aldeia República

Professora indígena, Varinaki Naua, acredita que o encontro é um dos caminhos para revitalizar a cultura indígena (Foto: CEI SEE/AC)

Professora indígena, Varinaki Naua, acredita que o encontro é um dos caminhos para revitalizar a cultura indígena (Foto: CEI SEE/AC)

O I Encontro Cultural Nukini e Naua, ocorre do dia 14 a 18 deste mês, na aldeia República, terra indígena Nukini. As comunidades estão localizadas no rio Moa, na área de incidência do Parque Nacional da Serra do Divisor, em Mâncio Lima. O encontro tem o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai), por meio do Museu do Índio e com execução da Coordenação Regional do Juruá.

Como nasceu a ideia do encontro?

Segundo o indigenista, Jairo Lima, o povo nukini, em 2012, começou a refletir sobre suas origens – quem era e o que gostaria de ser no futuro. A partir daí resolveram compartilhar a ideia com as lideranças dos naua, que também debatiam sobre os mesmos temas, em suas aldeias.

“Estas comunidades vêm realizando ‘estudos de cultura’ e, assim como outros povos, decidiram que a melhor estratégia seria a realização de encontros culturais, onde pudessem trocar experiências entre si e, ao mesmo tempo, contribuírem com o fortalecimento de sua identidade cultural, com a ideia de criar uma parceria de desenvolvimento e proteção de sua região”, explica o indigenista.

Jairo comenta que os dois povos carregam consigo características culturais semelhantes: a língua, danças, mitos, entre outros. “Além disso, vivenciaram o mesmo processo de contato e exploração no período de colonização do Juruá, que levou ao total desaparecimento de sua cultura”, disse.

As lideranças optaram por um formato de encontro ‘pra dentro’, ou seja, apenas um pequeno grupo de convidados selecionados para participar. Entre eles está o povo puyanawa, que também habita a região, que se apresentam com suas danças e brincadeiras.

Povo nukini com sua dança tradicional (Foto: Acervo blog Corredor Pano)

Povo nukini com sua dança tradicional (Foto: Acervo blog Corredor Pano)

O convite se estendeu a representantes de alguns órgãos do governo estadual e federal. Francis Mary Alves, presidente da Fundação Elias Mansour (FEM), está entre os convidados que representam o governo do Estado, juntamente com a assessoria do gabinete do governador, além do Ifac e outros, considerados estratégicos pelas comunidades.

“Um prazer mergulhar na rica cultura indígena. Os povos nukini e naua nos fizeram o convite pelo fato do governo do Estado fomentar uma política cultural com projetos e programas voltados para as culturas indígenas. Essas parcerias estão cada vez mais se estreitando”, disse Francis.

A terra indígena onde acontecerá o encontro já foi contemplada com dois prêmios de culturas indígenas, editais da FEM.

A estrutura está toda montada para receber a delegação de convidados. O sentimento da comunidade para a celebração do grande encontro se traduz na fala da professora indígena Varinaki Naua: “Temos que fazer alguma coisa para apoiar nossa cultura. Não adianta ficarmos lamentando pelo que se perdeu. Dá um frio na barriga a responsabilidade da gente, enquanto lideranças e professores, de contribuirmos com nossa cultura. Ou somos nós ou não é ninguém! Estamos nervosos em pensar se conseguiremos realizar este encontro de maneira satisfatória, mas o que vale é a intenção. Se no primeiro não alcançarmos todos os objetivos, no próximo alcançaremos”, enfatiza Varinaki.

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