O Instituto Socioeducativo do Acre (ISE) em parceria com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do Bujari realizou na sexta-feira, 6, a primeira edição do projeto Socioeducação Preventiva. Adolescentes do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) do município vizinho visitaram o Centro de Apoio à Semiliberdade, ao Egresso e Família (Casef).
A atividade contou com a parceria da equipe de segurança do Casef. O objetivo era fazer com que os alunos, com idade entre 15 e 17 anos, conhecessem de perto o cumprimento das medidas para quem comete ato infracional. Uma breve excursão pela unidade socioeducativa causou forte impacto nos 25 jovens participantes.
Para o estudante Leomar de Souza, o espaço que mais lhe causou reflexão foi a área carcerária do Casef, desativada desde que o Centro passou a atender apenas socioeducandos em semiliberdade, em dezembro de 2012. “A impressão que eu tive é que a liberdade acaba no momento em que entramos ali. É um lugar isolado, impossível de se comunicar, sem qualquer tipo de entretenimento. Não tem televisão, nem diversão, que é o que nós adolescentes também necessitamos. É um ambiente hostil, diferente do conforto das nossas casas”, relata.
Outro que também se surpreendeu com a realidade de quem não cumpre a lei foi o estudante Gabriel Silva de Souza. O jovem afirma que a partir de agora, antes de se envolver com qualquer tipo de situação criminosa, ele irá pensar duas vezes. “Mais vale uma conversa do que fazer algo que me traga para cá. A gente percebe que o espaço é grande, com área de lazer e esporte, escola e tudo mais. Porém, apesar disso, há um clima pesado, de que você não manda mais na sua liberdade, e perder isso é impagável”, confessa.
Segundo o assessor da Divisão de Meio Fechado, Walderlan Lima, é eficaz passar algumas responsabilidades para adolescentes ainda sem experiência com atos ilícitos. “Nós sempre recebemos adolescentes aqui após o cometimento do ato infracional. A intenção desse trabalho é se antecipar. Estamos buscando o jovem antes do erro, não para privá-lo de liberdade, mas para mostrar o quanto as atitudes pesam quando são mal escolhidas”.
O presidente do ISE, Henrique Corinto, alega estar empolgado com os resultados do projeto e entende esse trabalho como um grande aliado para afastar jovens do crime. “Eu participei de uma ótima reunião na sede do CRAS do Bujari. Lá foi realizado a Semana do Estatuto da Criança e do Adolescente, só com esclarecimentos acerca do assunto para esses jovens. Imaginar uma situação é fácil, mas no momento em que colocamos a realidade diante dos adolescentes, já percebemos o impacto. É fato que o trabalho flui muito melhor assim, com a prevenção e só quem sai ganhando com isso é a sociedade, que deixa de perder seus filhos para a criminalidade”.
De acordo com um dos idealizadores do projeto, o assessor da Divisão de Meio Fechado, Norberto Nascimento Júnior, o próximo passo será trazer o Socioeducação Preventiva para Rio Branco. “Nós vamos conseguir chegar a outras comunidades, tanto da capital, quando do interior”, declara.
A psicóloga do CRAS, Daiane Simões, explica que a prevenção é o primeiro passo para educar adolescentes. “Os jovens que participaram da primeira edição do projeto são de comunidades carentes e que estão propícios aos aliciamentos dos criminosos. Por isso, mostrar para eles o futuro de quem faz essa escolha é uma boa forma de evitar problemas maiores”, afirma.