Dada a inexistência de documentos que retratem e reafirmem a identidade cultural de Povo Yawanawá, as mensagens ou testemunhos são transmitidos em forma de discursos, canções, cânticos, contos e outras formas de expressão verbal.
Com o objetivo de documentar essa tradição oral, a liderança da Aldeia Mutum da Terra Indígena do Rio Gregório, Tashka Peshaho Yawanawá, lançou o livro Vakehu Shenipahu – Contos Infantis Yawanawa, na sexta, 3, no It Café.
Com a colaboração de sua mulher, Laura, a publicação foi escrita em duas línguas – português e yawanawá – e traz, nas 84 páginas, sete contos repassados à tribo pelo pajé Tatá, que faleceu no fim de 2016, aos 103 anos de idade.
“Nesta publicação apresentamos a cosmologia da criança yawanawá, o modo de viver em harmonia com a floresta, os incentivos para ser um forte guerreiro, sem ter medo de um relâmpago, raio, dos animais selvagens. Ou seja, os contos inspiram as crianças a respeitar o meio ambiente, a cuidar da natureza”, relata Tashka.
O autor destaca que o processo de produção foi composto de diálogos com o pajé, registrados em áudios e posteriormente foi produzida uma oficina com crianças das aldeias, que produziram as ilustrações do livro.
“Transcrevi as histórias nas duas línguas para retratar um pouco da nossa educação infantil. Agora é um privilégio ler e oferecer esses contos para as crianças que estão fora da aldeia”, ressalta Tashka.
O chefe-geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária no Acre (Embrapa/AC), Eufran Amaral, compareceu ao lançamento do livro em Rio Branco, e comentou que a obra apresenta como o homem pode viver em harmonia com a natureza.
“Uma oportunidade de conhecermos a riqueza da cultura Yawanawá e entendermos como se transmite os ensinamentos por meio da contação de história. Assim podemos apreender e contribuir na construção de um mundo sustentável”, avalia Eufran Amaral.
O deputado federal Moisés Diniz anunciou que articulará para que a publicação seja lançada em Brasília, alcançando divulgação em todo o país.
“Há três décadas, trabalhei diretamente com o movimento indígena, contra o qual havia uma profunda discriminação e preconceito. É muita honra para mim e para o povo acreano poder conferir este registro, que narra uma das nossas identidades culturais” disse.
A publicação teve o patrocínio da entidade não governamental norte-americana Forest Trends, em parceria com a Associação Sociocultural Yawanawa e pode ser adquirida nas livrarias de Rio Branco.