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A data 27 de novembro, instituída pelo Ministério da Saúde (MS) como o Dia Nacional de Combate ao Câncer, é o ensejo para que se repense na problemática que ainda é um desafio de esfera global.
Mesmo diante de estimativas do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), que apontaram a incidência de mais de 16 mil novos casos em homens e mulheres somente na Região Norte em 2016, o depoimento de pessoas que encararam o tratamento e venceram, demonstra o quanto a detecção precoce pode ser determinante para a cura.
Se receber um diagnóstico de câncer não é fácil, ter um diagnóstico assim, sendo de um filho de dois anos, torna-se menos fácil ainda. Edileuza Alves Rocha sabe bem o que é isso. Em 2010, a mãe do pequeno Thalisso Rocha, recebeu a notícia de que ele iria dar início à luta contra a leucemia, com pouca possibilidade de cura.
“A minha primeira reação foi de choque, mas no meu coração acreditei que meu filho iria sobreviver sim”, conta. Depois da descoberta, começaram os primeiros capítulos difíceis dessa história. Quanto à superação, Edileuza atribui ao apoio da família e apego à fé.
Desde o nascimento, Thalisso já exigia muitos cuidados em razão da Síndrome de Down. Para a mãe, a necessidade especial e o fato de ele encarar um tratamento contra a leucemia na infância só tiveram um significado: torná-la um ser ainda mais forte.
“Foram dois anos e meio de tratamento. E nesse tempo, foram quatro meses – noite e dia – sem poder sair do hospital, eu larguei mão de emprego e de tudo pra cuidar do meu filho. Foram dias de angústia por ver o sofrimento dele, por que um câncer adoece toda uma família que quer ajudar, mas se sente impotente”, declara.
Para a alegria da família do pequeno – hoje com oito anos de idade – em 2013, uma de suas irmãs seria compatível como sua doadora de medula. O que nem foi preciso. Uma série de exames realizados antes do procedimento apontou que não existiam mais células cancerígenas, e era tudo o que essa mãe esperava saber.
“Hoje eu sei que precisava passar por todos esses momentos pra saber que meu filho é um anjo pra eu cuidar, um presente divino pra me fazer feliz. Foi difícil, mas vencemos”, conclui Edileuza.
A mãe de Miguel
De acordo com as estimativas do Inca, a leucemia – doença maligna dos glóbulos brancos – mais de dez mil brasileiros foram diagnosticados com ela somente este ano. Mas foi em 2013 que Mara Alice Noronha, 35 anos, foi uma das mulheres que entraram para as estatísticas no Acre.
Mãe de Miguel, que tinha apenas três anos à época, ela afirma que descobrir o câncer foi como acordar no meio de um furacão. “Quando me internei pra dar início ao tratamento, me despedi do meu filho sem saber se eu iria voltar pra ele. Foi a pior sensação da minha vida”, diz.
Durante um ano de quimioterapias, Mara esteve ausente da criação do filho, que ficou sob os cuidados do tio. “Meu único irmão foi meu parceiro em todos os momentos, além do meu médico que não admitia que eu desistisse”, relata.
Em outubro de 2014, o Banco Nacional de Doadores de Medula Óssea encontrou alguém compatível para que a paciente fosse submetida ao transplante. E deu tudo certo: “A doação de medula é um presente de vida pra alguém, é uma chance a quem precisa, e foi o que eu tive. Outra chance”.
Ao relembrar as sessões de tratamento, ela revela algo sobre a doença. “Foi algo engrandecedor pra mim em todos os sentidos, porque ninguém sai de uma experiência dessas sendo a mesma pessoa. Passei a me preocupar apenas com o que, de fato, tem valor. Enquanto nessa época muitas pessoas estão preocupadas com o que vão comer no Natal, quem está num hospital nessa situação só quer saber se vai chegar ao Natal. Quando a gente vence a doença, é muito mais importante dedicar um abraço do que receber um abraço em troca”, observou.
Atualmente, Mara faz consultas rotineiras e anda pelos corredores do Hospital do Câncer com sorriso no rosto para transmitir apenas um recado: que vale a pena lutar para viver e poder contar sua história.
Estrutura que o Acre dispõe
O Hospital do Câncer, em Rio Branco, cadastrado no Ministério da Saúde como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), foi inaugurado em 2007 e tem como público-alvo pacientes com a confirmação do diagnóstico.
Para definir o tratamento adequado, a equipe multidisciplinar é composta por especialistas, enfermeiros, farmacêuticos, assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas, além de cirurgiões oncológicos. Antes, a maioria dos pacientes precisava ser encaminhada para fora do estado.
Segundo o radio-oncologista Miguel Guizzardi, a cultura da oncologia está sendo difundida no Acre, o que levou o hospital a uma média anual de crescimento de 2% de casos diagnosticados por mês.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row full_width=”stretch_row_content” full_height=”yes” parallax=”content-moving” parallax_image=”250650″ parallax_speed_bg=”0.85″][vc_column][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]“As pessoas passaram a ficar mais atentas, principalmente, se há casos na família, o que tem ajudado esse processo de diagnóstico precoce”, explica.
O número de incidências mais expressivo no estado tem sido de câncer de próstata e de estômago nos homens, e de colo uterino e de mama nas mulheres.
Ampliação do tratamento
De acordo com a gerente-geral do hospital, Mirza Mesquita, novas licitações estão sendo feitas para incorporar melhorias à unidade. Em 2015, o Acre ficou entre os três estados do país que receberam licença ambiental para dar início a novas obras executadas dentro do Plano de Expansão de Radioterapia, do Ministério da Saúde (MS).
“Das 80 salas que serão construídas e que vão receber o acelerador linear, equipamento para a radioterapia, uma será aqui. A obra já havia sido iniciada, mas foi interrompida pela empresa e está sendo licitada novamente, com previsão de ser inaugurada até o próximo ano”, frisou Mirza.
Outro recurso proveniente de emenda do senador Jorge Viana, no valor de R$ 2.222.330,00 está sendo executado para ampliar a qualidade dos serviços.
Parte de equipamentos, como monitores cardíacos para as salas de quimioterapia já foram adquiridos e outros ainda estão em processo licitatório.
“Outro recurso que tem a contrapartida do Estado, também vai possibilitar uma reforma que irá contemplar novos ambulatórios, ampliar leitos e centros cirúrgicos”, garante a coordenadora.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]
