Uma simples ideia está fazendo a diferença no Centro Socioeducativo (CS) Santa Juliana. O diretor da unidade, Rafael Almeida, encarando a realidade de uma estrutura fria e em processo de melhoramento, resolveu estender as atividades realizadas com os socioeducandos para o Seminário de Filosofia Padre João Martins, que fica ao lado.
O primeiro passo já foi dado e em uma parceria do Instituto Socioeducativo do Acre (ISE) com o reitor do Seminário, Jairo Coelho, 10 adolescentes iniciaram o Projeto Jogando com o padre, no campo do local.
“O Centro Socioeducativo Santa Juliana não dispõe de uma quadra, nem de um campo. Locais de lazer são necessários para o processo de socioeducação. Por esse motivo, nós resolvemos trazer os adolescentes de melhor comportamento para os espaços do Seminário. Já no início, os resultados são surpreendentes. E com o tempo, outros poderão ser inseridos no projeto”, revela Rafael Almeida.
Uma vez por semana, os 10 participantes acompanhados do professor de Educação Física e de agentes socioeducativos irão ter acesso ao Seminário. O padre Jairo Coelho também participará das reuniões, que tem como principal objetivo resgatar a dignidade dos jovens em conflito com a lei.
“A preocupação não é religiosa. A fé é uma consequência, porém esse não é o nosso foco no momento, mas sim fazer com que o adolescente se veja como ele realmente é: ser humano. Conversando com um deles, ouvi algo que ficou me machucando por horas. Ele disse assim ‘padre, eu não sou gente, eu sou um monstro’, porque alguém tinha dito isso para ele. E o jovem ainda disse que já estava no inferno e eu acrescentei que podemos nos encontrar lá, porque eu não sou melhor do que ele”, relata o padre.
Ainda de acordo com o reitor, a Diocese de Rio Branco está montando um projeto, que será realizado nas Paróquias da cidade. O intuito é que após cumprirem as medidas socioeducativas, os adolescentes e suas famílias recebam um acompanhamento da equipe da igreja. “Avaliamos que o grande problema está na saída deles. Se não houver a continuidade do processo, vai haver reincidência”, justifica.
Para o presidente do ISE, Henrique Corinto, é desse tipo de trabalho que a sociedade carece, para que os jovens sejam resgatados da criminalidade. “Estamos de portas abertas ao projeto. Toda parceria é bem vinda. Nosso trabalho de socioeducação se restringe apenas dentro das unidades, por isso, precisamos do apoio da rede para que fora dos muros, esses jovens possam encontrar o caminho certo.”