No rito de abertura da missa de sétimo dia do padre Paolino Baldassari, realizada na noite de quinta, 14, em Sena Madureira, três rapazes adentraram a celebração trazendo símbolos relacionados à longa missão do religioso junto aos fiéis: a miniatura de um barco, que o levava nas desobrigas pelos rios da região do Purus, bem como as plantas medicinais e o aparelho para aferir pressão, utilizados pelo “Médico da Floresta” no tratamento dos enfermos. O tom do encontro seria mesmo a emoção.
Fiéis de todas as localidades de Sena e de outras cidades acreanas lotaram o pátio da Igreja Nossa Senhora da Conceição. Dom Moacyr Grechi, arcebispo emérito de Porto Velho e os padres da Congregação dos Servos de Maria dirigiram o ritual religioso.
Dom Moacyr iniciou sua fala sobre o evangelho citando as bem-aventuranças e apontando a representatividade das escrituras na missão deixada por Paolino. “No primeiro dia, ficamos completamente transtornados. No sétimo dia, a Igreja, interpretando as nossas emoções, quer uma celebração atenta ao exemplo dos que partiram e à palavra de Deus. Queremos olhar o evangelho e o ‘Paulininho’, vestido com aquela batina cinzenta, com aquele sorriso bonito, que, embora com os dentes corroídos, era um sorriso que cativava, que vinha do céu, como o bem-aventurado, que significa feliz, que vivenciou a leveza do espírito e plantou a semente do amor”.
Mais homenagens
Após o evangelho, seguiram-se os demais ritos, embalados por cânticos, da comunhão às homenagens feitas por pessoas da comunidade. Leila Maria da Silva leu uma carta narrando fatos do cotidiano com padre Paolino, remetendo a fortes laços de amizade iniciados com seus pais.
“Eu não era nem nascida, meus pais tinham uma rádio e o padre narrava a Ave Maria. Padre Paolino é padrinho de uma das minhas irmãs e, ainda pequena, passei a apresentar a “voz do anjo” na rádio. Ele dizia que nós éramos a família dele, e quando estava triste corria lá para casa, ficava conversando, assistindo jogo e corrida de automobilismo, ele torcia pela Ferrari. Trabalhei com o padre por 29 anos no tradicional arraial. Um homem maravilhoso que só deixou coisas boas. Um outro padre Paolino é difícil nascer”, disse Leila, que pretende dar continuidade ao trabalho do missionário.
Amor, boas energias e espiritualidade
O sentimento de amor, de boa energia e espiritualidade permeou toda a celebração. A canção O Homem, de Roberto Carlos, foi cantada por todos os presentes, encerrando a missa de forma bastante emotiva.
A vice-governadora Nazaré Araújo e a primeira-dama Marlúcia Cândida compareceram, representando o governo do Estado. “Frei Paolino, com toda a humildade, por meio de uma missão encarada com muita fé e carinho pelos mais necessitados, onde quer que essas pessoas estivessem, levou a palavra de Deus, semeando o amor. Sentimos essa energia na missa. Agora, precisamos continuar a missão para que tenhamos mais amor, um tempo de paz, carinho, esperança e fé. Que padre Paolino nos alimente”, disse a vice-governadora Nazareth Araújo.
“Percebemos, na celebração, que o padre Paolino semeou o amor, a alegria, a paz. As pessoas, mesmo com saudades, estão com espírito de leveza. O olhar dos presentes mostrou quantas coisas boas frei Paolino semeou. Alguns estão vivos e realizados espiritualmente graças à intervenção do frei em suas vidas. Desejamos que o espírito do trabalho dele se renove a cada dia, para que tenhamos sempre viva a lição de amor que plantou”, ressaltou Marlúcia Cândida.