“Olha, já faz uns seis anos que a gente mora aqui, e eu ainda não tinha tido condições de cercar o meu quintal. Meu maior sonho era esse. Hoje, estou só esperando chegar a madeira que comprei. Vou pagar parcelado. E a próxima vez que vierem me visitar, já vai estar tudo cercado.”
A afirmação é da costureira Francisca Bezerra da Silva, 43 anos, proprietária de uma casa no conjunto habitacional Recanto dos Buritis. Ex-moradora de área de risco, em 2010 ela foi contemplada com uma unidade habitacional entregue pelo Programa Minha Morada, do governo do Estado.
Desempregada e com baixa escolaridade, Francisca fazia faxina para complementar a renda familiar. Com um marido alcoólatra e duas filhas pequenas, a vida no quarteirão* onde morava não era nada fácil. “A gente nunca podia comprar o que queria. Só havia o básico, pois a gente morava em um quartinho. Era um fogão, uma cama e umas panelas. Passamos muitas dificuldades”, relembra.
Em 2011, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Pequenos Negócios, iniciou a qualificação profissional de milhares de acreanos. A então faxineira se inscreveu para o curso de costureira. “Quando comecei o curso, eu não sabia nem colocar a linha na agulha. Tremia ao ver aquela multidão de mulheres, muitas já experientes no ramo, e eu não sabia de nada. A primeira semana foi toda assim”, ri, ao lembrar como tudo começou.
Ao término do curso, Francisca foi contemplada com uma máquina de costura doada através do programa de Pequenos Negócios. Foram mais de 15 mil pequenos negócios entregues em todo o Acre nos últimos quatro anos, beneficiando, direta e indiretamente, mais de 60 mil acreanos.
“Lembro que as pessoas diziam que o governo estava enganando a gente, que não iam entregar equipamentos, mas eu sempre acreditei, e fui até o fim. Hoje tenho minha máquina e trabalho em casa. Faço guardanapos, bordados, pinturas em tecidos, e saio vendendo de porta em porta. Isso tem garantido minha dignidade e o sustento da minha família”, afirmou Francisca.
Francisca Bezerra da Silva é o retrato fiel de uma política pública que deu certo. De família simples, a mulher de olhar esperançoso e semblante cansado não teve a oportunidade de estudar, mas com a renda do próprio negócio tem garantido mais qualidade de vida para as filhas. “Com 12 anos tive que ser babá em casa de família, mas as minhas filhas estudam, e, se Deus quiser, logo estarão na faculdade”, ressaltou, demonstrando contentamento.
A melhor economia brasileira
O Programa de Pequenos Negócios, iniciado na primeira gestão do governador Tião Viana, reúne recursos dos governos federal (por meio de emendas parlamentares) estadual. A iniciativa oferece formação profissional e aquisição de equipamentos para pessoas de baixa ou nenhuma renda. A oportunidade de emprego e renda tem movimentado a economia do Acre. De 2011 a 2014, o Estado entregou 15 mil pequenos negócios nos 22 municípios acreanos, beneficiando, direta e indiretamente, cerca de 60 mil pessoas. Em 2015, outros 886 pequenos negócios já foram entregues.
“Cerca de 70% da economia brasileira é movimentada por esses empreendimentos. Os pequenos negócios têm sido um dos grandes responsáveis pela geração de novos postos de trabalho no Acre”, observa o secretário de Pequenos Negócios, Henry Nogueira.