‘Quem ama cuida, Quem ama abraça’

Rede Reviver encerra com passeata a campanha ‘16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres’

Os participantes da passeata fizeram concentração na Avenida Mâncio Lima (Foto:Flaviano Schneider)
Os participantes da passeata fizeram concentração na Avenida Mâncio Lima (Foto:Flaviano Schneider)
Os participantes da passeata fizeram concentração na Avenida Mâncio Lima (Foto:Flaviano Schneider)

Os participantes da passeata fizeram concentração na Avenida Mâncio Lima (Foto:Flaviano Schneider)

Com uma passeata pelo centro de Cruzeiro do Sul, a Rede Reviver, formada por entidades ligadas ao enfrentamento à violência doméstica e sexual contra mulheres, encerrou, no último sábado, 10 de novembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, a campanha ‘16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres’. Iniciada no último dia 25 de novembro, que é o Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres, a campanha levou palestras a escolas e instituições públicas, além de promover atividades em datas significativas como o dia 1º de dezembro, que é o ‘Dia Mundial de Combate à Aids’ e 6 de dezembro, dia que lembra o ‘Massacre de Mulheres de Montreal’ (Canadá) e que incentivou a criação da ‘Campanha Mundial do Laço Branco’ no Brasil e ‘Dia Nacional de Luta dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres’.

Os participantes da passeata fizeram concentração na Avenida Mâncio Lima e com apoio da Ciretran fizeram a volta na Praça dos Táxis adentrando a área do mercado municipal e finalmente fazendo um ato final na Praça da Integração. As entidades que formam a Rede Reviver estiveram todas presentes. São elas: Ministério Público Estadual (MPE), Centro de Referência Vitória Régia, Casa de Abrigo do Juruá, Delegacia da Mulher, Creas, Projeto Vida Nova, Hospital da Criança e da Mulher (Maternidade), Juizado da Infância e Juventude, Conselho Tutelar, Central de Atendimento à Mulher. Campanhas semelhantes são realizadas em 135 países no período, procurando ligar a luta contra a violência à mulher à luta pelos direitos humanos.

Segundo a coordenadora do Centro Vitória Régia e organizadora da campanha, Rosalina Souza, a passeata serviu para passar um recado importante à sociedade cruzeirense. Ela lembrou que na noite anterior uma estudante fora assassinada no município de Mâncio Lima de forma cruel, demonstrando mais uma vez que não se pode dar tréguas à violência e que ela está presente no dia a dia dos juruaenses. Apesar da triste notícia, que circulou entre os presentes durante a passeata, Rosalina acredita que a campanha foi útil. “A passeata está muito boa. Tem muita gente hoje no mercado, no centro da cidade e estamos passando nossa mensagem para a sociedade de Cruzeiro do Sul. Já basta, isso é muito ruim para nós. Precisamos acabar com esta violência aqui em Cruzeiro do Sul e no Vale do Juruá”.

O assessor social do MPE e do Projeto Vida Nova, Wagner Figueiredo, colaborador incansável da campanha, considera que o recado foi dado: “Estamos conseguindo mobilizar a sociedade cruzeirense nas escolas e instituições para que as pessoas sejam cada vez mais conscientes de que uma vida sem violência é  um direito das mulheres” – disse

42 mil mortes

“Temos hoje 42 mil mulheres assassinadas neste ano no Brasil, sendo 70% no âmbito da violência doméstica” disse o promotor Walter Teixeira Filho no ato final da passeata. Para ele, esse não é um número insignificante, pelo contrário incentiva a luta em busca da pacificação no seio das famílias. “Temos que continuar a luta, pois do jeito que está a sociedade só tem a perder. Estamos na busca pela dignidade da pessoa humana, em busca da dignidade de cada mulher e o Ministério Público sempre vai buscar essa pacificação social, essa busca pelo bem estar”.

O coordenador do Creas, Leônidas Pontes disse: “É um movimento muito bom para chamar a atenção da sociedade e despertar, principalmente os homens que violentam e espancam as mulheres, para que eles possam saber que violência gera violência. Quem ama cuida, como estamos ouvindo no nosso fundo musical, quem ama não espanca. Que a sociedade possa despertar para que possamos dar um fim à violência”.

Faltou homem

A militante Elisa Rodrigues Ferreira, da Pastoral da Saúde, gostou de participar, mas acha que faltou apoio masculino: “É um movimento muito importante, pois a gente observa que mesmo na nossa Cruzeiro do Sul a violência contra as mulheres é muito grande. Uma campanha como essa pode ajudar, mas acharia mais interessante se tivesse mais homens nos acompanhando”.

O professor universitário Marcelo Siqueira prestigiou a campanha e participou da passeata: “Com mais de 40 mil mulheres assassinadas só neste ano, temos que alertar a sociedade e assumir este problema. Nós homens temos um papel primordial nesse processo que é tirar a máscara de machismo e assumir que devemos cuidar melhor de nossas mulheres, das mães de nossos filhos, nossas mães, nossas irmãs, que são símbolo da reprodução, do desenvolvimento da nossa sociedade. Eu acho que o recado da campanha está dado: Quem ama cuida, Quem ama abraça”.

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