Comandante da PM em Cruzeiro do Sul explica morte na Lagoa

Francisco Nonato avançou com terçado para cima de guarnição da PM e foi morto a tiros

Comandante do 6º BPM, major Alves (Foto:Flaviano Schneider)

Comandante do 6º BPM, major Alves (Foto:Flaviano Schneider)

O comandante do 6º BPM, major Alves, convocou a imprensa local para explicar o acontecido na manhã de domingo, no bairro da Lagoa, quando Francisco Nonato Souza da Conceição, residente no Ramal 3 do Projeto Santa Luzia, foi morto com quatro disparos efetuados pela guarnição da PM.

Segundo contou Alves, logo cedo, o Ciosp recebeu duas ligações e repassou a informação de que um cidadão estava na cabeceira da Ponte do Juruá ameaçando as pessoas com um terçado e ameaçando invadir algumas casas do trapiche da Lagoa. Logo a PM enviou guarnição, mas ao chegar Francisco Nonato já não se encontrava na cabeceira da ponte e já tinha adentrado o trapiche. O policial tentou convencer Francisco a entregar o terçado, mas ele estranhamente nada falava e se recusava a entregar a arma, isso segundo testemunhas já ouvidas no inquérito instaurado pela Polícia Civil. Aparentemente Francisco estava sob efeito de alguma droga.

Poucos metros depois dessa tentativa da PM de fazer com que Francisco entregasse a arma, numa ação inesperada, ele demonstrou a intenção de entrar na casa da irmã, mas repentinamente voltou-se contra os policiais com o terçado em posição de ataque. A partir desse momento o policial efetuou um disparo no joelho que pegou de raspão e ele continuou vindo para cima da guarnição. Foi feito então outro disparo que pegou na região da virilha e ainda assim Francisco continuou vindo para cima. Diante disso, do risco iminente de ser atingido pelo terçado, o policial já sem espaço efetuou mais um disparo e outro policial disparou mais um e acabaram atingindo-o no abdômen e outro no tórax.  “Infelizmente ele veio a óbito”, disse o major. Faziam parte da guarnição os sargentos Francisco da Silva Lima e Livalter e o soldado Janderson de Azevedo.

Terror do Ramal 3

O major Alves contou que, segundo informações do policial civil do Ramal 3, Francisco Nonato era o terror da região. Há pouco tempo ele tinha destruído nove padrões de energia elétrica utilizando um terçado. “A informação que temos é de que ele era uma das pessoas que forneciam droga no bairro da Lagoa e tinha vindo fazer um acerto de contas de uma droga que tinha trazido e não tinha recebido. Em função disso pensamos que ele pretendia fazer alguma coisa com alguém com o terçado”. Segundo o major, a própria irmã da vítima declarou que ele tinha vindo matar alguém.

A PM abriu uma sindicância para apurar se houve excesso. O delegado já  ouviu testemunhas e elas afirmam categoricamente que se o policial não tivesse agido da forma que agiu com certeza ele teria sito atingido pelo terçado. “Todas as providências estão sendo tomadas, tanto pela PM quanto pela Polícia Civil, e o caso será encaminhado ao Ministério Público que tomará as providências necessárias”, disse o major.

Os policiais da guarnição foram afastados das ruas e foi colocada à  disposição deles uma psicóloga para que faça os procedimentos e verifique se eles têm condições de voltarem para a rua. “Também estamos atendendo a família do policial, que ficou bastante abalada. Embora seja uma situação corriqueira nossa, por mais que a gente queira e estejamos preparados, somos seres humanos e acabamos abalados psicologicamente”, disse Alves.

O major Alves lembrou que recentemente a PM perdeu o sargento Francinato, alvejado com um tiro no rosto; um pouco antes foi o sargento R. Andrade, vítima de uma ocorrência semelhante a essa com arma branca. Ele levou uma facada no peito e veio a falecer. Também recentemente uma viatura da PM foi alvo de disparos em Cruzeiro do Sul. Em Tarauacá um cidadão quase tirou a vida de um policial utilizando um terçado. “Infelizmente essa prática tem sido comum de indivíduos enfrentarem a polícia. O policial agiu em legítima defesa e de outros, pois poderia ter acontecido alguma coisa grave com outra pessoa. A gente continua há 95 anos servindo e protegendo a comunidade”, encerrou o major.

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