Há muitos portadores da doença de Alzheimer no município, mas poucos foram identificados
Cruzeiro do Sul tem cerca de seis mil idosos e pode ter centenas de pessoas acometidas da doença de Alzheimer (dA). No entanto, dificilmente seus familiares procuram ajuda, seja por desconhecimento ou preconceito. Popularmente chamada de caduquice ou esclerose, a dA vem preocupando autoridades médicas em todo o mundo e já se fala em pandemia de dA e possível caos no futuro relacionado ao atendimento aos portadores por parte da saúde pública.
No ano passado, a regional da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) do Acre implantou a sub-regional da entidade em Cruzeiro do Sul. Na semana que findou houve uma reformulação na sub-regional, inclusive com a escolha de nova diretoria, visando mais eficiência na busca e identificação de pessoas acometidas pela doença e mais atividades com cuidadores. Para isso, a coordenadora da regional da Abraz, gerontóloga Mariazinha Leitão, e a gerente da Divisão do Idoso da Secretaria de Estado de Saúde, Rossy da Silva Ramos, vieram a Cruzeiro do Sul e reuniram-se com os interessados na formação da sub-regional e posteriormente com cuidadores.
Com a escolha da técnica em enfermagem Rosinei Pequeno da Cruz, dirigente do setor de Saúde do Idoso da Secretaria Municipal de Saúde, para coordenar as atividades da Abraz-Juruá, os interessados têm agora um endereço fixo para onde podem se dirigir em busca de ajuda, no próprio setor onde trabalha Rosinei. A médica fisioterapeuta Samira Daniel foi escolhida vice-coordenadora. Seu setor de trabalho no Centro de Reabilitação do Hospital do Juruá é também um ponto de identificação de pessoas com dA.
Os demais membros da diretoria são os seguintes: secretária – Alcione Daniela Borges; 2ª secretária – Ana Cláudia Barbosa; tesoureira – Maria José de Oliveira Lima; Conselho Fiscal – Maria das Vitórias Medeiros e Francisco Jáder de Barros Pedrosa; diretor científico – médico James Hamilton Dias; diretor de comunicação – Flaviano Schneider.
A sub-regional tem um plano definido para incrementar suas atividades, e a principal é a divulgação. No fim de semana, Mariazinha Leitão deu entrevista na Rádio Aldeia, ao vivo, e como resultado dessa primeira divulgação já houve pessoas procurando o Setor do Idoso da secretaria municipal. Na data de hoje, Rosinei e o médico James já tinham programado visitas às pessoas que procuraram o setor. Na semana passada, a própria Mariazinha já visitara alguns pacientes com dA, identificados desde o ano passado.
Nos próximos dias, a sub-regional vai deflagrar uma campanha, principalmente através das emissoras de rádio locais, de maneira a levar informação a quem precisa – os parentes de portadores de dA. A coordenadora Rosinei pede a todos os voluntários, sejam servidores da área de saúde ou parentes de portadores de dA, a se associarem à entidade. Para tanto, basta procurar o setor de Saúde do Idoso ou qualquer membro da diretoria.
Ela alerta que provavelmente em março do ano que vem haverá novo curso de cuidadores em Cruzeiro do Sul e que as pessoas já podem se candidatar a participar. Segundo a coordenadora, mais adiante o cuidador terá reconhecimento como profissional. podendo até mesmo garantir um emprego na área.
Doença de Alzheimer: panorama sombrio
A Abraz-AC existe desde 2003 e trabalha na identificação de portadores, na organização de grupos familiares e capacitação de cuidadores. Ela faz parte da estrutura da Central de Articulação das Entidades Ligadas à Saúde (Cades). A doença de Alzheimer é um distúrbio neurodegenerativo que provoca o declínio de algumas funções intelectuais, reduz a capacidade de trabalho e de interação social, altera o comportamento e a personalidade do paciente.
O surgimento da doença é um impacto para a família do paciente, pois muda completamente o ritmo da vida familiar, já que é necessária uma assistência constante ao portador, surgindo assim uma dependência que só tende a se aprofundar com o passar do tempo. Só resta cuidar do paciente, com muito amor e carinho, contribuindo assim para retardar a degeneração, prolongando e tornando mais confortável o tempo de vida que resta ao doente.
Até o ano de 2050, uma em cada 85 pessoas do planeta poderá estar sofrendo da doença de Alzheimer, alcançando a cifra de 100 milhões de pessoas. Recentemente, pesquisadores americanos da Universidade da Califórnia divulgaram uma lista de sete medidas que poderiam evitar milhões de casos de dA, todos ligados ao estilo de vida.
São eles: não fumar, ter uma dieta saudável, prevenir o diabetes, controlar a pressão arterial, combater a depressão, fazer mais atividades físicas e aumentar o nível de educação. De acordo com os cientistas, metade dos casos de dA se deve à falta dessas medidas de saúde, e basta uma redução de 25% nos sete fatores de risco para evitar até três milhões de casos por ano.