Americanos conhecem práticas sustentáveis da terra indígena Puyanawa

A comitiva de americanos passou a noite na aldeia Ipiranga e pode conhecer um pouco da consciência indígena
A comitiva de americanos passou a noite na aldeia Ipiranga e pode conhecer um pouco da consciência indígena (Foto: Flaviano Schneider)

Depois de conhecer as políticas estratégicas de desenvolvimento com sustentabilidade praticadas no estado, uma comitiva composta por dois assessores do governo do Estado da Califórnia, Ashley Conrad e Derek Walker e dois membros da Environmental Defense Fund (EDF), Stephan Schwartzman e Ken Alex, visitou a Terra Indígena Puyanawa, situada em Mâncio Lima, no Vale do Juruá, na tarde de sexta-feira, 15.

A comitiva encontrou a nação Puyanawa em festa, comemorando os 15 anos da demarcação de sua terra. Os americanos foram recebidos com muita alegria e logo puderam experimentar a tradicional caiçuma, bebida feita a partir da fermentação da macaxeira. Passaram a noite na aldeia e puderam conhecer um pouco da história do povo e suas atividades produtivas, sempre em respeito à floresta como é de praxe com a consciência indígena.

Na manhã deste sábado, 16, a comitiva embarcou rumo a Xapuri para conhecer a fábrica de preservativos da Natex, única no mundo a produzir com látex nativo, a fábrica de processamento de castanha da Cooperacre, além de uma visita ao Seringal Cachoeira para conhecer o manejo florestal madeireiro e não-madeireiro de borracha, de castanha e de extração de açaí.

Nação Puyanawa

Os puyanawas sofreram um verdadeiro massacre no início do século passado com a chegada dos primeiros seringalistas e tiveram sua cultura e sua espiritualidade quase destruída, como conta Luis Puyanawa, um dos líderes locais e presidente da Associação Puyanawa. Hoje isto é passado; eles estão em franca recuperação de tudo o que perderam e também vem recebendo apoio do governo do Estado do Acre por meio do Sistema de Incentivo aos Serviços Ambientais (SISA).

Vivendo em duas aldeias (Barão e Ipiranga) com cerca de 600 habitantes, num território de 24.498 hectares, os Puyanawas estão entre os principais produtores de farinha no Vale do Juruá. Em sua luta pela sobrevivência, porém, eles não se descuidam da preservação: “Preparamos o futuro da nossa comunidade com respeito ao meio ambiente, da nossa floresta, dos nossos rios e sempre estamos cuidando”, salienta Luís Puyanawa.

Na aldeia Ipiranga foi construída uma arena, na arquitetura tradicional, um local sagrado onde são realizadas as celebrações culturais e espirituais. A educação também é um destaque do povo. São cerca de 200 alunos que, além do ensino normal (Fundamental e Médio), também aprendem sobre suas tradições e sua língua, que quase desapareceu e há poucos anos era falada só pelos mais velhos. Os 23 professores são indígenas e todos com nível superior.

O assessor especial do governo para os Povos indígenas, Zezinho Yube Hunikui participa da comemoração. “Vim trazer o abraço do governador Tião Viana neste momento tão significativo para o Povo Puyanawa”, disse.

Acre e Califórnia

Alberto Tavares, o Dande, diretor da Companhia de Desenvolvimento de Serviços Ambientais (CDSA) do Acre está acompanhando a comitiva dos americanos em sua jornada pelo estado. Para ele, a grande preocupação do mundo atualmente é com as mudanças climáticas e como o Acre tem sido um pioneiro no Brasil em relação desenvolvimento com boas práticas ambientais, assim como a Califórnia é nos Estados Unidos, este encontro se dá de uma forma natural. “Temos que nos unir para que no final deste ano a gente chegue em Paris, na Convenção das Partes para o Clima (COP) das Nações Unidas, ao tão desejado acordo global de redução das emissões de gases, para que não ultrapassemos a média de dois graus a mais na temperatura do planeta, o que seria um desastre para a humanidade” expressou.

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