Proposta é mostrar a importância do manejo para a conservação ambiental e geração de renda
Os desafios para a consolidação da política pública voltada ao manejo florestal de sementes nativas e a troca de experiências comunitárias no trato com sementes estão entre os objetivos do Encontro Regional de Coletores de Sementes Florestais Nativas, a ser realizado nos dias 21 e 22 deste mês, na Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac). Durante esses dois dias estarão reunidos coletores de sementes de Cruzeiro do Sul, Sena Madureira, Bujari e Brasileia.
O encontro reúne ainda representantes da Secretaria de Florestas, Embrapa, Ufac, Ibama, ICMBio, Instituto de Defesa Agropecuária, Instituto de Meio Ambiente, de cooperativas, e da Associação dos Seringueiros das Flonas Macauã e São Francisco e da Associação Verdes Florestas do Igarapé Sossego (Floresta Estadual do Antimary).
De acordo com o diretor-presidente da Funtac, César Dotto, o evento é uma iniciativa do Projeto Sementes do Acre, que é desenvolvido pelo governo do Estado e financiada pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente, iniciado em 2007, com a meta de capacitar as comunidades extrativistas para a execução do manejo, colheita e comercialização de sementes florestais nativas. “As ações têm fortalecido a cadeia produtiva e se tornando alternativa de renda às pessoas que moram na floresta”, destacou Dotto.
Os beneficiários são em média 500 famílias extrativistas. Para a coordenadora do projeto, Rejane Elize Muxfeldt, um dos resultados mais positivos alcançados ao longo do desenvolvimento da ação junto aos coletores é o fato de que os moradores começaram a ver a floresta de forma sustentável. “Os extrativistas veem a floresta com outros olhos. Eles perceberam que podem ganhar dinheiro sem desmatar, colhendo as sementes. É um processo de valorização da floresta”, disse.
O coletor Manuel Bezerra de Souza mora em Mâncio Lima e extrai óleo de sementes para a produção de sabão e sabonete. Ele conta que, durante o período da safra – entre agosto e dezembro -, chega a extrair de 20 a 30 litros de óleo por dia. “Encontros como esse fortalecem a atividade dos coletores, além de possibilitar a troca de informação”, destacou.
Durante o encontro os participantes irão debater a política voltada para o setor, o marco regulatório e o processo de coleta e comercialização das sementes. Também fazem parte da programação a apresentação das lições aprendidas do Projeto Sementes do Acre e as experiências dos coletores. “A discussão sobre a estruturação do mercado de sementes deve estar nesse encontro. Temos políticas públicas voltadas ao setor não-madeireiro, e nosso desafio é a organização, o credenciamento das atividades”, finalizou o secretário de Florestas, João Paulo Mastrangelo.