Um novo recomeço

Depois de receber apoio do Governo do Acre, refugiados viajam para tentar sorte nova em diversas regiões do país

haitianos_22_.jpgA saga dos mais de 200 haitianos que se refugiaram no Brasil desde o início deste ano ganha um novo caminho. Desde o início da semana passada, o drama que eles viveram desde que saíram de seu país, passando pela República Dominicana, pelo Equador e pelo Peru até chegar ao Acre começou se resolver.

Com o apoio do governo do Acre, eles conseguiram o documento provisório de permanência no no país, Carteira de Trabalho Profissional (CTPS), Cadastro de Pessoa Física (CPF) do Ministério da Fazenda. Agora iniciam um novo processo em suas vidas, processo esse em que o final feliz vai depender de suas capacidades de adaptação em um país vasto e diverso como o Brasil.

No sábado e no domingo, 5 e 6, cerca de 60 haitianos viajaram rumo a Rondônia. Eles pretendem se estabelecer na cidade de Mutum-Paraná, onde há uma carência de mão-de-obra para trabalhar na construção das usinas hidrelétricas do rio Madeira.

No sábado, eles receberam a visita do secretário de Justiça e Direitos Humanos do governo do Estado, Henrique Corinto que fez questão de acompanhar a entrega da documentação aos refugiados. Corinto e sua equipe foi que providenciou o desembaraço da documentação para que os haitianos pudessem entrar no Brasil. “Atendemos à orientação do governador Tião Viana que entendeu que era preciso resolver a situação dessa gente, pois considera essa uma questão humanitária que o governo do Acre não podia se omitir”, disse o secretário.

Dois dias antes, um outro grupo também saiu do estado, e mais 32 pessoas permanecem na cidade de Brasiléia a espera da documentação, e 30 já estão trabalhando em Rio Branco. O assessor da secretaria de Articulação Institucional do governo do Estado, José Alvanir, acompanhou o processo de entrada e regularização dos haitianos desde o fim de dezembro de 2010 quando os primeiros refugiados chegaram ao Acre. Ele contou que o trabalho de acompanhamento requereu muita atenção, já que os haitianos não falam o português.

Toda a comunicação se deu através do espanhol, língua que eles tiveram que aprender desde que saíram de sua terra natal. Originalmente, os haitianos falam o crioulo, que é a língua nativa daquele país. A colonização europeia os obrigou a falar também o francês. A presença de forças de ocupação depois de conturbados processos políticos e de uma sangrenta guerra civil os levou, também, a conhecer um pouco do inglês e muito pouco do português a partir da presença de forças brasileiras a serviço da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Tem um grupo deles que fala o espanhol com maior fluência, o que nos permite uma comunicação melhor nessa língua”, disse Alvanir. O assessor disse que a Igreja Católica também contribuiu bastante, haja vista que grande parte da alimentação e apoio social era dada pela igreja através do padre Rutemarque Crispim.

A prefeita de Brasileia, Leila Galvão disse que foi fundamental o apoio do governo do Estado, pois a prefeitura não disponha de condições suficientes para abrigar todos os refugiados. “Tivemos dificuldade de alojamento, de estadia, de fornecimento de alimentação, de assistência médica-odontológica. Foi uma clientela que surgiu a mais do que já tínhamos aqui”, contou Leila. “Graças a Deus que depois de tantos dias, com o apoio do governo do Estado, a gente está encontrando os caminhos para ajudar a essa gente, pra que eles também tenham um futuro. Eles estão aqui porque querem. Estão por uma situação calamitosa no país deles que os obrigou a sair em busca de oportunidades”, afirmou.

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