Yawanawás vendem 10 toneladas de farinha com incentivo do Boa Compra

Lideranças indígenas agradeceram ao governador Binho Marques investimentos do Governo do Estado

Já estão nos mercados acreanos dez toneladas de farinha de mandioca da produção familiar, compradas e distribuídas pela empresa Tia Eliza. O diferencial do produto – de alta qualidade segundo o empresário – são os produtores: índios Yawanawá do rio Gregório. A Aldeia Nova Esperança fica a oito horas de barco da BR-364, no município de Tarauacá. A venda da produção foi garantida graças ao programa Boa Compra, do Governo do Estado.

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Representantes do povo Yawanawá estiveram reunidos com o secretário de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), Nilton Cosson, e o empresário Júlio César, da empresa Tia Eliza, para o pagamento da compra da farinha (Foto: Angela Peres/Secom)

Na manhã desta quinta-feira representantes do povo Yawanawá estiveram reunidos com o secretário de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), Nilton Cosson e o empresário Júlio César, da empresa Tia Eliza, para o pagamento do processo de compra e o fortalecimento da parceria. O cacique Biraci Yawanawá garantiu que em 2011 a aldeia Nova Esperança tem capacidade de entregar 100 toneladas de farinha de mandioca. "Esta intermediação que o Governo fez é um incentivo muito grande para nós. É a realização de um sonho poder vir aqui fechar este negócio. Essas dez toneladas são apenas uma demonstração do que podemos produzir e colocar no mercado. Só vamos conseguir manter o nosso povo na aldeia se a aldeia oferecer condições para isso e são ações como essa que garantem a sustentabilidade do nosso povo", disse.

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Em 2011 a Aldeia Nova Esperança terá capacidade para entregar 100 toneladas de farinha de mandioca (Foto: Arquivo/Secom)

Segundo o empresário, toda a produção será comprada e distribuída aos mercados acreanos dada a qualidade da farinha produzida pelo povo Yawanawá. "Esta é a primeira vez que eu vejo esta intermediação do governo, fazendo a ponte entre os produtores e as empresas, transportando o produto até o nosso armazém. Com a compra de uma produção em maior volume podemos inclusive ter embalagens específicas para a farinha produzida pelos indígenas, como forma de valorizar o produto da terra e agregar valor. As pessoas dão preferência ao que é produzido aqui", disse.

Um dado interessante diz respeito à cooperação entre as etnias indígenas. Segundo Bira, foi feito um negócio entre caciques para garantir dois dos melhores produtores de farinha do povo Poyanawa, que tem tradição nesta cultura, para ajudar os Yawanawás a produzir dentro de um padrão de qualidade.

O Programa Boa Compra vem fortalecer a produção agroflorestal sustentável, garantindo qualidade, preço e mercado para os produtos que vêm do campo e consolidando as cadeias produtivas prioritárias. Em cinco modalidades diferentes, que vão desde a compra direta do produtor para abastecer setores do Governo, incluindo a alimentação escolar, até crédito para as cooperativas formarem estoque, já são quase sete mil produtores beneficiados e um montante de recurso que ultrapassa R$ 20 milhões. O programa é a garantia que o produtor familiar tem de que seu produto encontrará mercado.

"O programa auxilia as produções organizadas, através de cooperativas e associações e tenta garantir mercado para que os produtores consigam escoar o que produzem. Ganha quem produz, ganha o Governo e ganha quem consome. É uma promessa que o Governo cumpre, garantindo a produção e a comercialização e fazendo com o que o dinheiro circule no mercado", disse Cosson.

Em reunião com Binho Marques, Yawanawas reconhecem fortalecimento da comunidade

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Governador recebeu lideranças em seu gabinete e foi convidado para participar do Festival Yawa na Aldeia Nova Esperança (Fotos: Secom)

Logo após terem recebido o pagamento pela venda direta da farinha de macaxeira, o grupo de representantes indígenas participaram de uma reunião com Binho Marques no Gabinete do Governador e o convidaram para participar do Festival Yawa, que será realizado de 25 a 30 deste mês, na Aldeia Nova Esperança, na Terra Indígena do Rio Gregório. A festa, que especialmente celebra o direito à vida e a conquista da terra, este ano faz referência a reunião de grupos que haviam se dispersado nos últimos anos. O cacique Biraci Brasil e seus filhos, Charles e Macilvo Yawa agradeceram ao governador pela política de emancipação e fortalecimento das comunidades. "Mas queremos fazer este agradecimento com mais 700 yawa, no festival. Queremos passar a alegria do Povo da Queixada ao nosso governador", convidou Biraci Brasil. Binho confirmou presença e observou que a parte mais complicada do processo está em consolidação pelos índios. "O que vocês estão fazendo é a parte mais difícil. O esforço de vocês é exemplo para todas as lutas. Por isso, vou ao festival: para agradecer", afirmou o governador. O primeiro Festival Yawa foi realizado em junho de 2002.

A política para os povos indígena é um dos alicerces do empoderamento comunitário. Como exemplo, grande parte dos secretários de Estado estiveram no 3º Fórum dos Povos Indígenas do Acre, realizado em abril passado na Aldeia Ipiranga, Terra Indígena Puyanawa, em Mâncio Lima. O fórum serviu para consolidação de uma etapa da política indigenista do Governo do Estado e apresentação do Plano de Valorização dos Povos Índígenas, além da assinatura de convênios do Plano de Gestão Territorial Indígena (PGTI) no âmbito do Programa de Inclusão Social e Desenvolvimento Sustentável do Acre (ProAcre) no valor de R$ 2.806.990,00. O PGTI se constitui em um mecanismo pelo qual a população indígena define estratégias, prioridades e demandas de suas comunidades. O Governo tem atuado na valorização dos povos indígenas em um diálogo de constante aprendizado. Pelo menos na metade das mais de 200 aldeias de quinze povos indígenas, a língua original ainda é mantida. Em 1999, 915 índios estavam matriculados, hoje são mais de seis mil pessoas na educação bilíngue multicultural. Estão sendo construídas mais 22 escolas, sendo que três são de ensino médio. O governo investe ainda na formação dos professores. "Nós, povos indígenas, temos consciência da importância deste governo. Foi um ciclo muito importante", disse Charles Yawanawa.

Biraci Brasil apresentou um breve relato dos projetos em andamento na comunidade, ressaltando sua satisfação com o projeto. Além da produção de alimentos, os yawanawá trabalham com o de aproveitamento de madeira. A partir de ação do gabinete do senador – e agora governador eleito do Acre – Tião Viana, a comunidade conseguiu recursos para montagem de uma marcenaria. Hoje, o projeto é coordenado pela Secretaria de Florestas, e inclui a qualificação dos indígenas e consultoria especializada para garantir a qualidade dos produtos. Na reserva vivem cerca de 700 índios Yawanawá e katuquinas. Só na aldeia Nova Esperança, há 430 yawanawá. Existem também as aldeias Mutum, Matrinchã, Amparo, Tibúrcio, Escondido e Sete Estrelas.

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Compromissos estão mantidos, garante Pianko

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Assessor dos Povos Indígenas do Acre, Pianko garantiu manutenção dos investimentos (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

O trabalho se mantém, disse Francisco Pianko. "A gente iniciou esse processo. Os compromissos que não puderem ser realizados têm a segurança da continuidade", garantiu o assessor, avaliando positivamente a compreensão das propostas do atual governo no contexto indígena: "A comunidade compreendeu o esforço que fizemos. Isso me deixa bastante feliz". 

Convênios e acordos de fortalecimento comunitário foram assinados com todas as etnias do Acre. Assim, a presença do governador no Festival Yawa será festejada por todos, disseram os líderes. "Para nós, é motivo de muito orgulho ter o governador na nossa aldeia", disse Macilvo Yawa.

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