Conversar com os construtores navais de Cruzeiro do Sul é garantia de ouvir boas histórias, se alegrar e se emocionar com elas. Esses profissionais estão hoje trabalhando no Polo Naval de Cruzeiro, um verdadeiro complexo industrial formado por quatro galpões voltado para a fabricação de embarcações navais de base madeireira e metálica. No local estão trabalhando 26 empresas que lidam com construção naval e serviços ligados a área, como: mecânica, fundição e tornearia.
Mas há menos de um ano essa realidade era bem diferente. Todos eles trabalhavam na Lagoa, bairro localizado as margens do Rio Juruá, o local era ideal para suas atividades, pois estavam próximos de seus clientes, os ribeirinhos.
Por outro lado, não possuíam um ambiente adequado para o trabalho, pois durante o inverno, com a cheia do rio ficavam impossibilitados de trabalhar.
“Pelo menos uns três meses no ano a gente não conseguia fazer uma canoa. Com a alagação a energia era cortada e nossas oficinas que ficavam embaixo de nossas casas, que eram de palafitas, ficavam todas alagadas”, conta Nivaldo Santos, presidente da Cooperativa dos Bajoleiros (Cooperbajola).
Lindaucir Maciel, 41, conhecido como Lino é bajoleiro. Com a indenização que recebeu comprou uma casa em um bairro mais distante, na frente da residência construiu sua oficina e começou a fazer canoas e bajolas, mas a renda não o agradava.
“Perdi muitos clientes com a mudança, porque eles não sabiam mais onde me encontrar, além disso, comecei a gastar mais dinheiro pra fazer uma canoa, porque tinha que alugar carro para levar o barco até a beira do rio, ficou muito difícil”, conta.
Hoje, Lino ocupa uma sala no Polo Naval de Cruzeiro do Sul. Com o sorriso estampado no rosto é categórico, “Está tudo muito bom, não temos mais dificuldade, aqui é tudo mais fácil. Estamos em um lugar adequado para trabalhar, perto dos nossos clientes e dos nossos amigos e ganhando dinheiro”, diz Lino.