A expansão da fronteira acreana é primeiro livro que aprofunda o tema sobre ocupação urbana no Estado
Em um dia bem distante/a mim tu voltarás/ e no canteiro materno do meu seio/tranquilo dormirás. O trecho do poema da escritora Cora Coralina abre o livro A expansão da fronteira acreana, da arquiteta e urbanista Soad Farias, lançado na noite desta terça-feira, 13, na Sborba. Fruto de tese de mestrado, o texto é impresso 12 anos depois de sua elaboração sendo a primeira pesquisa publicada em livro sobre o tema com esta abrangência no Acre e descreve o avanço da ocupação urbana na Amazônia.
Com patrocínio do Governo do Estado do Acre, os exemplares deverão ser vendidos a preço simbólico de R$ 15 em locais a serem definidos. "A publicação deste livro é um sonho e importante para que as pessoas possam entender como se deu a ocupação urbana. Faço projeções de como as cidades devem ser transformadas com uma visão menos capitalista. Que essa poesia não seja perdida", propõe Soad Farias.
Na avaliação do arquiteto e secretário de Obras do Estado, Eduardo Vieira, um dos incentivadores da publicação, quem está fora da Amazônia não concebe como ocorre a formação das cidades na região. "Era importante fazer esse registro. As cidades da Amazônia têm estruturas urbanas complexas. É preciso ver este processo com olhar diferenciado", avalia Vieira, para quem o Acre está em processo de transição entre o antigo processo de ocupação que valoriza as margens dos rios e um novo momento que avança para dentro de si mesma.
Este novo processo entende a cidade como um organismo vivo, que se movimenta e reage ora impulsionado por seus moradores, ora motivado por seus gestores. O livro aponta causas para a ocupação desordenada na região no período entre 1970 e 2000 e faz projeções para corrigir falhas da estruturação urbana. Com acervo fotográfico colhido pela autora e pelo jornalista Pitter Lucena apresenta, em suas mais de 280 páginas, documentos como a primeira planta do município de Rio Branco datada de 1955 e outras imagens encontradas nos arquivos públicos do Estado.