Workshop discute como aumentar a produtividade e reduzir impactos da pecuária na Amazônia

Encontro internacional será realizado em duas etapas: uma no Acre, outra em São Paulo

 

 

Entre 24 e 27 de agosto os desafios para conciliar o aumento da produtividade da pecuária e reduzir os desmatamentos e a emissão de gases de efeito estufa na Amazônia, como resposta às crescentes demandas no Brasil e nos mercados globais por mecanismos que assegurem maior sustentabilidade a esta atividade, estarão na pauta de discussão de instituições nacionais e organismos estrangeiros. O Workshop Internacional sobre Soluções para o Desmatamento e Emissões de Gases de Efeito Estufa Causadas pela Expansão da Pecuária na Amazônia, realizado em duas etapas, no Acre e em São Paulo, visa estabelecer um diálogo entre os vários atores da cadeia pecuária, na busca por alternativas para tornar a atividade mais produtiva e sustentável. 

Organizado pelas entidades Amigos da Terra – Amazônia Brasileira e Aliança da Terra, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Forest Footprint Disclosure, Greenpeace, National Wildlife Federation e Global Canopy Programme, o evento tem a cooperação da Embrapa e Fórum Paulista de Mudanças Climáticas e Biodiversidade. Participam representantes dos setores agropecuário, agroindustrial, financeiro e comercial, universidades e centros de pesquisa, governos e organizações da sociedade civil. 

Nos dois primeiros dias as atividades acontecem nos municípios de Rio Branco e Sena Madureira, sob a coordenação da Embrapa Acre, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, pecuária e Abastecimento (Mapa). Serão visitadas áreas de produtores, que já desenvolvem sistemas de produção intensivos de pecuária de corte sem desmatamentos e queimadas. "O objetivo é demonstrar como tecnologias voltadas para a recuperação de áreas degradadas e intensificação da pecuária podem contribuir para aumentar a produtividade do rebanho e a rentabilidade da propriedade, sem a necessidade de desmatar novas áreas", diz o pesquisador Judson Valentim, chefe geral da Unidade. 

A viagem ao Acre faz parte de uma agenda opcional do evento. Além das visitas a campo, o grupo composto por 15 representantes de órgãos governamentais e não governamentais e pesquisadores participa de reunião com o Governador do Estado, Binho Marques, no dia 24, às 18h. Segundo Valentim, as políticas adotadas pelo Acre para conciliar a produção sustentável nas áreas de florestas e áreas desmatadas com a redução do desmatamento podem servir de referência paras as discussões sobre o assunto.

Nos dias 26 e 27 os participantes se reúnem em São Paulo, no salão de convenções do World Trade Center, para uma discussão global sobre as soluções para as emissões de gases de efeito estufa (GEE) da pecuária, com foco na Amazônia brasileira. A idéia é encontrar alternativas eficientes para mitigar o aumento do efeito estufa e outros problemas socioambientais, decorrentes da expansão da atividade. 

Um dos enfoques do evento será a procedência de produtos pecuários. Como saber se a carne ou o couro não têm origem ilegal, de desmatamento ou de trabalho escravo? A resposta para esta pergunta será obtida durante painel coordenado pelo Ministério Publico Federal do Pará. As tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Acre, para o aumento da produtividade, manejo de pastagens e recuperação de áreas degradadas também serão destaque no evento.

Desafios – O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo e ocupa a posição de maior exportador de couro. Como atender a demanda mundial de carne sem contribuir para o avanço do desmatamento na Amazônia tem se convertido em questão crucial para o direcionamento de ações relacionadas ao desenvolvimento da pecuária.    Entre os propósitos do encontro está o detalhamento de uma agenda operacional incluindo ações de cunho tecnológico, político, financeiro e mercadológico que possam garantir a sustentabilidade da atividade.    

"Os principais desafios da área incluem a adoção em larga em escala de tecnologias capazes de aumentar a atual produção pecuária; implementação de políticas públicas que possam aliar ganho em produtividade com redução do desmatamento; redirecionamento de linhas de crédito; e adoção de uma política de compra positiva ao longo da cadeia, com medidas que valorizem práticas sustentáveis, como pro exemplo, o estabelecimento de preços diferenciados para produtos oriundos de propriedades que adotam sistemas de baixo impacto", afirma Valentim. 
 

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