Transplante dá nova vida a mais de 600 pessoas no Acre

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Nos primeiros seis meses de 2016, o país bateu o recorde, com 1.438 doadores – 7,4% a mais que o mesmo período em 2015.

Essas doações possibilitaram a realização de 12.091 transplantes entre janeiro e julho deste ano. As operações de órgãos mais complexos, como pulmão, fígado e coração, registraram aumento de 31% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

No Acre, essa história tem um avanço significativo, possibilitou que 622 pessoas comemorassem a oportunidade de ter recebido um órgão novo e saído da fila de espera por um doador compatível. Foram 165 transplantes de fígado, 175 de córneas e 282 rim. Cerca de 350 pacientes receberam órgãos transplantados em outros estados via Tratamento Fora de Domicílio (TFD) da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre).

“O Acre continua sendo o estado que está à frente dos demais da Amazônia, consegue fazer transplantes de fígado regularmente e tem salvado vidas assim. A política de transplante é uma realidade sólida no estado, uma política que não é barulhenta, mas é cheia de emoção. Estamos brigando para sermos o terceiro estado do Brasil que mais faz transplante em termos proporcionais”, afirma Tião Viana, governador e também médico infectologista.

Mesmo em tempo de crise, as cirurgias de transplantes são mantidas e possibilitaram até agora, que essa história não fosse interrompida. Segundo a Central de Transplantes do Acre, o custo de um transplante de fígado é de R$ 88 mil reais por procedimento, valor repassado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ao governo do Estado, que entra com a estrutura física e profissionais para a cirurgia.

 

drterciogenzini“O Acre está servindo de piloto para um modelo que o país deveria seguir. País desenvolvido é um país descentralizado”, disse o médico Tércio Genzini.

“O desafio que o estado do Acre está enfrentando é simbólico para o próprio país, pois demonstra a possibilidade da interiorização e desenvolvimento de alta complexidade em áreas menos desenvolvidas. Até hoje, existe um grande deslocamento de pessoas para procedimentos em outras cidades mais desenvolvidas e os recursos acabam sendo transferidos também, no sentido inverso ao que é necessário para o país, fomentando ainda mais áreas já abastadas, perpetuando o desenvolvimento em áreas já favorecidas. O Acre está servindo de piloto para um modelo que o país deveria seguir. País desenvolvido é um país descentralizado”, disse o médico Tércio Genzini.

ednagoncalvez-aspas“Estou desde o início, mas sei o que os pacientes passam, eles sofrem muito. É muito bom você ver a pessoa com aquela garra e a esperança. Um transplante é renascer”, ressalta a gerente de Serviço de Assistência Especializada do Hospital das Clínicas, Edna Gonçalves.

Uma cirurgia de transplante de rins dura de quatro a seis horas enquanto a de fígado pode chegar até dez horas. Cada procedimento conta com a participação de pelo menos 15 profissionais, entre médicos, enfermeiros, anestesistas e técnicos de enfermagem. “Em um transplante cada etapa é essencial, todos os profissionais são fundamentais, mas temos um momento crítico que é o pós transplante, das primeiras 48 horas em que o paciente fica na UTI com os intensivistas”, ressalta a gerente de Serviço de Assistência Especializada do Hospital das Clínicas, Edna Gonçalves.

Edna tem 30 anos de atuação na saúde pública e falar dessa história é sempre motivo de emoção:  “Toda vez que acompanho um transplante é como se fosse a primeira vez. Estou desde o início, mas sei o que os pacientes passam, eles sofrem muito. É muito bom você ver a pessoa com aquela garra e a esperança. Um transplante é renascer”.

Doando para a vida

Quatro meses após a morte do irmão, as lágrimas de Maria Aizia Gomes, 35, já não são só de tristeza ou luto, mas também de emoção e felicidade pelo gesto de amor e solidariedade que a família realizou.

Arnailson da Silva, de 43 anos, sofreu um acidente de trabalho e teve morte encefálica. A Central Estadual de Transplante entrou em contato com os familiares, que autorizaram a doação dos órgãos. “É gratificante saber que a morte dele possibilitou que outras pessoas tivessem esperança de vida. Doamos as córneas, os rins e o fígado. Foi uma forma de mantê-lo entre nós”, contou Maria Aizia.

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No próximo dia 14 de novembro, Francisco comemora dois anos do procedimento cirúrgico (Foto: Alexandre Noronha/Secom)

Para quem recebe o órgão doado, o sentimento é de recomeço e gratidão. “Nasci de novo há no dia 14 de novembro de 2014 quando recebi um fígado. Vou fazer dois anos de transplantado e meu coração transborda de gratidão. Sou grato a Deus e ao governo do Estado por manter a central de transplantes funcionando. Meu amor se estende ainda aos familiares que decidem doar o órgão de um ente querido, pois nessa hora ele salva uma, duas ou várias vidas”, disse Francisco Marques de 62 anos, que conseguiu negativar o vírus da hepatite C.[/vc_column_text][vc_single_image image=”247781″ img_size=”full” alignment=”center” onclick=”img_link_large”][vc_text_separator title=”Texto: Ludmilla Santos | Design: Adaildo Neto | Fotos: Alexandre Noronha e Acervo Secom” style=”dotted”][/vc_column][/vc_row]

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