Em uma agenda extensa para conhecer os resultados de projetos de desenvolvimento no Acre, o governador Tião Viana e o diretor do Banco Mundial para o Brasil, Martin Raiser, percorreram as cidades de Jordão, Marechal Thaumaturgo, Mâncio Lima e Cruzeiro do Sul nesta terça-feira, 5. Saneamento, fortalecimento cultural, agricultura familiar e educação foram alguns dos projetos visitados que mostram o avanço do Acre.
A jornada começou em Jordão e Marechal Thaumaturgo, dois dos municípios de difícil acesso que recebem o Programa de Saneamento Ambiental Integrado, que realiza obras de mobilidade urbana, abastecimento de água e saneamento básico. Com obras ainda em Santa Rosa do Purus e Porto Walter, o governo do Estado está investindo mais de R$ 120 milhões nesse programa, com apoio do Banco Mundial.
Andando pelas ruas das duas cidades, a comitiva acompanhou de perto o resultado da decisão política de enfrentar diversos desafios para a realização das obras, que são sinônimo de qualidade de vida e inclusão social. O prefeito de Jordão, Elson Farias, por exemplo, disse que levaria 200 anos para sua prefeitura realizar o mesmo investimento que o governo do Estado está realizando, devido a sua receita, demonstrando a importância desse trabalho.
O projeto prevê distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto, pavimentação, drenagem, coleta e destinação de lixo. Em Marechal Thaumaturgo, a pavimentação teve que ser inovadora – devido à instabilidade do solo, foi usado o concreto para fazer quase todas as ruas da cidade.
“É sempre bom ver o resultado do trabalho na ponta. Ficamos impressionado como em Marechal Thaumaturgo a obra está mais avançada e temos o otimismo de que teremos um progresso rápido em Jordão, pois as empresas estão mobilizadas”, disse Martin.
Tião Viana falou dos avanços sociais e de saúde que surgem com o decorrer dessas obras. “Com esse trabalho, nós mudamos completamente realidade de baixo desenvolvimento humano dessas cidades. Agora vem a esperança, qualidade de vida, saúde, redução de doenças e das internações hospitalares, além da mobilidade. Temos assim um bonito sentido de comunidade”, disse.
Edvaldo Magalhães, assessor para saneamento do governo do Estado, explicou que em Marechal Thaumaturgo será entregue em breve uma nova estação de tratamento de água que vai garantir abastecimento total na cidade. Em Jordão, as obras de pavimentação e construção da rampa de acesso ao porto recomeçam neste verão. “Nós podemos ver de perto a revolução que estamos construindo junto com a comunidade nesses lugares tão especiais, que são as cabeceiras dos rios, nos municípios de difícil acesso”, disse.
Comunidade Puyanawa
Em Mâncio Lima, na Terra Indígena do Povo Puyanawa, o cacique Joel Ferreira fez uma apresentação sobre a cultura e história do grupo. “A gente quer, com humildade, fazer o reconhecimento e agradecer ao apoio que o governador Tião Viana nos tem dado”, disse.
Em sua apresentação, Joel contou como ocorreu o processo de busca pela história de seu povo, por meio dos mais velhos e dos ensinamentos conseguidos com a ayahuasca, uma bebida sagrada. Após anos de esquecimento de suas tradições ancestrais, o cacique e um grupo começou a procurar o local onde seus antepassados tinham vivido.
Depois de dias na mata e muitas mensagens passadas em seus trabalhos espirituais, o grupo achou o local com indícios arqueológicos e ali Joel pediu que um dia pudesse fazer uma maloca para a cultura de seu povo. “O que nós temos solicitado ao governo, é em cima de uma extrema necessidade. Isso hoje, nos dá o direito de reconhecer, agradecer e mostrar. Aqui, nossa maloca está feita, com apoio do governador, e nela é feita um trabalho espiritual do povo. Nossa cultura floresceu, a vergonha de nossos costumes ficou para trás. Temos orgulho e amor por nossa cultura”, declarou.
O trabalho de apoio do governo do Estado para fortalecimento cultural dos povos indígenas faz parte de um conjunto de ações de desenvolvimento sustentável em todo o estado. A exemplo de outras aldeias, nos puyanawa há investimentos também na agricultura familiar, para melhoramento das casas de farinha, projeto de fruticultura com mais de 30 mil mudas plantadas e reforma de açudes para criação de peixe.
Esses projetos, que somam quase R$ 1 milhão, contribuem para o avanço social e econômico das famílias da terra indígena. “Hoje, nós expressamos nosso sentimento de realização de um sonho. A minha felicidade é ver a sabedoria distribuída em cada um dos meus parentes, um sabe pintar, fazer pulseira, tiara, coroa, cordão, outro faz flecha, faz arco, canto e a plantação está rodando”, afirma Joel.
A experiência vivenciada na tarde desta terça-feira, é uma novidade para Martin, que aponta a cultura como um fator importante para o avanço social. “Essa experiência é muito linda, para mim é uma coisa nova. Essa oportunidade de conhecer de mais perto, falar com as pessoas e ver como esse projeto ajuda as pessoas a resgatarem sua própria cultura é muito importante, estamos vendo bons resultados. O sucesso no projeto tem vários aspectos, os técnicos, materiais e os culturais. Desenvolvimento é dar oportunidade e a cultura faz parte disso”, declarou.
Quero Ler
Já no fim da tarde, a comitiva seguiu para acompanhar uma aula do programa de alfabetização Quero Ler, em Cruzeiro do Sul. Em todo o estado, mais de 51 mil alunos aprenderam a ler e escrever por meio deste projeto, que teve um investimento de R$ 42 milhões do governo, com apoio do Banco Mundial.
Para os alunos, o governador Tião Viana falou sobre a importância de eles estarem ali com o desejo de aprender. “Vocês são parte de nossa vontade de ver um mundo melhor. Quero que vocês aproveitem muito essa oportunidade de aprender a ler, pois assim podem seguir seus sonhos”, disse.
O grupo teve a chance de conhecer alguém que tinha acabado de chegar na turma em busca de uma vaga para aprender. Silvana Ferreira contou um pouco de sua história e o que a motivou a procurar o projeto. “Toda a vida tive um sonho de estudar, aprender a ler e escrever. Nunca tive oportunidade quando era criança e minha profissão sempre foi ser doméstica. Hoje tenho muita vontade de ler a bíblia e por isso procurei a escola e estou muito feliz com essa vaga que consegui”, afirmou.
“A educação é fundamental e um direito humano. Mas é também importante para abrir oportunidades econômicas para as pessoas. Ter esse programa que dá essa oportunidade, mesmo para pessoas que não tiveram chance quando eram crianças, é muito importante”, declarou Martin sobre o Quero Ler. O grupo segue as agendas de visita a projetos de desenvolvimento nesta quarta-feira, já em Rio Branco.